Ensino a distância

Falta de acesso à internet ainda dificultará aulas em MG em 2021, diz sindicato

Secretaria de Estado de Educação (SEE/MG) propõe mudanças nas ferramentas do ensino remoto neste ano

Por Gabriel Rodrigues
Publicado em 02 de março de 2021 | 15:49
 
 
 
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Com algumas mudanças nos instrumentos de ensino, o ano letivo da rede estadual de Minas Gerais retornará, ainda de forma remota, na próxima segunda-feira (8). Em uma consulta pública realizada pela Secretaria de Estado de Educação (SEE/MG) com 70 mil pessoas, estudante, na maior parte, 90,5% dos consultados aprovaram as ferramentas utilizadas durante 2020 para o ensino remoto, segundo a pasta. Mesmo assim, alunos, famílias e trabalhadores seguem cobrando melhorias.

Uma das novidades para este ano será a utilização do Google Sala de Aulas nas escolas. O programa permite que professores enviem material online aos estudantes e se comuniquem por vídeos com as turmas. “A maior demanda da rede, em 2020, foi, no Conexão Escola, a melhoria da interação online do aluno e do professor. Muitos professores demandaram e indicaram que o chat era uma situação muito sensível de comunicação. Nos tornamos, então, uma das primeiras redes do Brasil a prover o Google Sala de Aula em navegação patrocinada para diretores, professores e estudantes”, detalhou a secretária de Estado de Educação, Julia Sant’Anna, em entrevista coletiva nesta terça-feira (2). A ferramenta será disponibilizada aos estudantes a partir do dia 8 de março, quando o ano letivo começa para eles.

Na perspectiva da coordenadora do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE-MG), Denise Romano, os avanços não serão o suficiente para cobrir o problema da falta de acesso à internet por todos os alunos da rede. “A secretaria está aperfeiçoando os mecanismos da educação remota, mas ainda não repensou a instrumentalidade dos alunos, porque um dos grandes problemas de alguns deles e o gargalo é a falta de computador em casa”, pontua. 

A artesã Luísa Canabrava, 28, mãe da estudante do sétimo ano Mel, 12, afirma que a alternativa do Google tem potencial para facilitar o aprendizado, que ela diz ter sido precário em 2020, mas também questiona a amplitude do acesso à opção. “Minha filha acompanhou até o terceiro Plano de Estudo Tutorado (PET) e depois abandonou, porque não dava conta e havia falhas nas teleaulas. Acho ótimo utilizar a ferramenta do Google para os professores manterem contato com os alunos. Minha filha tem esse acesso, mas boa parte dos alunos, não deve ter”, pondera. 

A reportagem questionou a SEE/MG sobre o que será feito para os estudantes que não têm acesso eficaz à internet e aguarda retorno. De acordo com a pasta, no último ano letivo foi preciso disponibilizar material impresso para cerca de 28% dos estudantes da rede, que não tinham plena condição de acessá-los online. As teleaulas pela Rede Minas e pela TV Assembleia continuarão disponíveis, assim como os PET, online e impressos. Segundo a pesquisa da SEE/MG, 90% da comunidade escolar aprova os PET e 92,7%, o aplicativo Conexão Escola. 

A estudante do terceiro ano do ensino médio Giovana Gomes, 16, diz temer que as novas propostas não sejam capazes de suprir as dificuldades que teve ao longo de 2020, quando sua escola já utilizava, inclusive, a ferramenta do Google. “O ano foi péssimo. Conheço muita gente que desistiu das aulas. Eu segui firme e fui correndo atrás de explicações de exercícios na internet para entregar as atividades”, elabora.

Confira nota na íntegra da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE-MG):

"A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) informa que as aulas de reforço escolar  serão remotas, por meio do aplicativo Conexão Escola 2.0. Serão aulas extras de língua portuguesa e matemática para estudantes de 6º e 9º ano do Ensino Fundamental e para os estudantes do 1º ao 3º ano do Ensino Médio.

As primeiras turmas serão formadas a partir dos resultados da avaliação diagnóstica e da devolutiva dos Planos de Estudos Tutorados (PETs) em 2020. A previsão é de que a iniciativa já comece no final de março para cerca de 100 mil estudantes. A cada aplicação de avaliação em 2021 serão feitas análises para eventuais inclusões de novos estudantes e encerramento da atividade por outros. 

Assim como na primeira versão, o aplicativo Conexão Escola 2.0,
que foi atualizado e ganhou novas funcionalidades, continuará tendo a navegação patrocinada pelo Governo de Minas, ou seja, gratuita para alunos e professores. Os estudantes que não têm acesso aos meios virtuais irão receber o material do reforço escolar impresso,
da mesma forma que já é feito com os PETs."

Matéria atualizada às 19h20

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