Moradores do bairro Paulo VI, na região Nordeste de Belo Horizonte, protestaram à porta do Centro de Saúde Marivanda Baleeiro, na manhã de segunda-feira (19), contra a troca de endereço da unidade que será transferida para a rua Três Mil e Setenta e Quatro. No local é construído um novo prédio que, segundo previsões repassadas pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), deverá ser entregue no próximo 26 de abril.
A principal queixa da comunidade do Paulo VI é que, segundo os próprios moradores, não se trata apenas de uma transferência de endereço, mas do fechamento do centro de saúde que ali funciona há quatro décadas. De acordo com a secretária geral do Conselho Distrital de Saúde Nordeste, Aparecida Maria de Oliveira, inicialmente a população foi informada de que o prédio em construção receberia um segundo centro de saúde para o bairro. Entretanto, em janeiro, souberam que, na verdade, o Marivanda Baleeiro seria transferido para a nova sede.
"Até então nós estávamos felizes acreditando que íamos ganhar mais uma unidade, mais um centro de saúde. E então fomos informados que não, que seria fechado o Marivanda e ficaríamos apenas com a unidade nova. Segundo a Secretaria de Saúde, será só uma mudança de endereço, mas há um impacto enorme para a população e para o próprio território". Ela alega que o novo endereço que irá abrigar o Marivanda Baleeiro é de difícil acesso para a população e não há linhas de transporte público que por ali passam. "Aqui no bairro tudo é muito distante, são muitos morros. As pessoas já têm dificuldade para chegar até o Marivanda. Para chegar na unidade nova é mais difícil ainda. Não tem linha de ônibus que passa por lá, e é muito distante", reforça Aparecida.
Segundo ela, o protesto que aconteceu na manhã de segunda-feira (19), e que teria impedido a retirada de equipamentos do centro de saúde para que fossem levados ao novo posto, pretende expressar o desejo da população para que sejam mantidas as duas unidades – o Marivanda Baleeiro e o prédio que está em construção.
"O bairro está em constante expansão. Hoje, o Marivanda já atende cerca de 17.600 moradores cadastrados. Nós sabemos que se permanecermos com um único centro de saúde, daqui um ou dois anos, no máximo, estaremos na porta da prefeitura pedindo a construção de outro posto. Uma unidade só não vai dar conta. Por exemplo, um dos loteamentos aqui no bairro vai receber cerca de mil famílias. Então é preferível manter o Marivanda e equipar a unidade nova para conseguirmos atender a população antiga e a nova que está chegando", defende.
Ampliação
Procurada à tarde de segunda-feira (19), a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) defendeu que o posto de saúde não será fechado, e, sim, transferido para a nova sede. "A construção de uma nova unidade de saúde para a região é fundamental para que seja garantido conforto aos usuários e funcionários", declarou o município, sustentando que o prédio em construção terá acessos independentes e número suficiente de consultórios e salas – são, de acordo com a PBH, 17 consultórios, farmácia, salas de odontologia, vacinação, observação e coleta de material e espaços administrativos.
A prefeitura também disse que será ampliado o número de equipes de Saúde da Família, de cinco para seis. A secretária geral do Conselho Distrital de Saúde Nordeste sugere que o número de equipes seja dividido entre o antigo Marivanda Baleeiro e o novo posto à rua Três Mil e Setenta e Quatro. "A nossa proposta é que, ao invés de fechar o Marivanda, eles mantenham as duas unidades. Como teremos seis equipes de Saúde da Família, poderiam permanecer três no Marivanda e as outras três na unidade nova", disse Aparecida. Segundo ela, se a PBH mantiver os planos de transferência do Marivanda, outra manifestação será realizada já na próxima quinta-feira (22), às 7h30, também na porta da unidade de saúde.
Distância de 750 metros
O secretário municipal de Saúde, Jackson Machado Pinto, em entrevista coletiva na tarde de segunda-feira sobre a reabertura do comércio em Belo Horizonte, falou sobre a manifestação dos moradores do bairro Paulo VI. Ele declarou que não há razões para que sejam mantidos dois postos de saúde em funcionamento ali, uma vez que a distância entre o Marivanda Baleeiro e o novo prédio é inferior a um quilômetro.
"O novo equipamento será entregue nessa semana e é um centro de saúde espetacular. Ele está localizado a exatos 750 metros do prédio antigo. Não há porque ter dois centros de saúde, um a 750 metros de distância do outro, sendo que o equipamento novo é muito mais confortável e oferece condições de trabalho mais dignas para nossos trabalhadores e condições mais dignas também para a população".
O médico também disse que facilidades de acesso ao novo posto de saúde por meio de transporte público são estudadas. "Já foi um pedido nosso para a BHTrans estudar a redistribuição das linhas de ônibus que prestam serviço naquela região para que passem mais próximo ou em frente ao centro de saúde. Então, não há motivo para a população achar que não está sendo privilegiada. Pelo contrário, estamos ofertando um equipamento novo, muito melhor que o antigo". Segundo o secretário, provavelmente, o antigo prédio do Centro de Saúde Marivanda Baleeiro abrigará, futuramente, uma academia da cidade.
Atualizada às 15h46.