Cerca de 70 barraqueiros que vendiam alimentos no entorno do estádio Mineirão antes da Copa do Mundo de 2014 ocuparam na manhã desta quinta-feira (2) o prédio da Regional Pampulha da Prefeitura de Belo Horizonte. O grupo estava disposto a permanecer no local até que obtivessem uma resposta, porém, após uma reunião o local foi liberado pelos manifestantes por volta das 13h após uma reunião com o secretário da regional.
O movimento teve início às 9h e foi organizado pela Associação dos Barraqueiros do Entorno do Mineirão (ABAEM) e apoiada pelos movimentos Brigadas Populares e Comitê Popular dos Atingidos pela Copa (Copac). Segundo Rafael Bittencourt, das Brigadas Populares, eles deixaram o prédio após se reunirem com o secretário da regional, que marcou uma nova reunião para a próxima quinta-feira (9) na Secretaria de Serviços Urbanos, na avenida Álvares Cabral, 200, no Centro da capital.
"Além do próprio secretário, estarão presentes também o secretário de Direitos Humanos, a procuradoria do município, o Ministério Público (MP) e os barraqueiros. Lá será definido os detalhes finais para o retorno dos barraqueiros ao Mineirão", disse. A manifestação aconteceu porque já estava sendo preparado um processo de licenciamento de cerca de 70 no entorno do estádio, mas a concessão do direito de uso seria feito através de uma licitação.
"Mas os barraqueiros tem prioridade, pois constituíam uma feira tradicional, cultural, há mais de 50 anos. Com isso eles deveria ter prioridade para acessar esse licenciamento, e o MP já deu o seu aval diante dessa proposta. Agora temos que acordar os termos jurídicos dessa devolução do direito de uso das barracas para os feirantes", finalizou Bittencourt.
A regional Pampulha foi procurada por O TEMPO e informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que uma nota que trata sobre a ocupação desta quinta está sendo elaborada e será divulgada em breve.
Entenda
Os Barraqueiros do Mineirão são um grupo tradicional de trabalhadores que desenvolvem o comércio de alimentos tipicamente mineiros no entorno do estádio de futebol Mineirão desde a década de 60. Conforme texto divulgado pelas Brigadas Populares, em 2010 eles foram expulsos do seu local de trabalho para dar lugar às obras da Copa do Mundo, que acarretariam na privatização do estádio pelo grupo Minas Arena.
Na época nenhuma alternativa de trabalho ou compensação foi assegurada pelo Estado de Minas Gerais ou pelas empresas do consórcio. Diante disso, os barraqueiros se mobilizaram junto ao COPAC, às universidades e órgãos públicos para reivindicar o seu retorno ao Mineirão, além de outras garantias como o direito de trabalhar em feiras temporárias e medidas de compensação justas. Segundo eles, a secretaria especial da Copa chegou a exigir que os barraqueiros fizessem cursos de capacitação e de línguas para trabalharem nos estádios e nada do que prometeram foi efetivado.
Em 2013 as mobilizações de rua abraçaram a luta dos Barraqueiros e os levaram até a mesa do governador Antônio Anastasia, que se comprometeu com o retorno dos barraqueiros em documento assinado em próprio punho. Em sequência foi instalada uma mesa para negociar o retorno dos barraqueiros junto ao gabinete do governador. Após muito debate elaborou-se um projeto para a nova feira de alimentos que dependia apenas do licenciamento da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH).
Atualizada às 16h08