"Dá um alívio de saber quem é, Deus mostrou a pessoa que fez isso. E muita tristeza, muita decepção de saber que uma pessoa próxima fez isso com a minha filha". O desabafo é de Eliane Maria Rocha, mãe de Nayara Andrade, de 34 anos, que foi assassinada pelo primo, um policial miliar, em Muriaé, na Zona da Mata. Em conversa com a reportagem de O TEMPO, nesta quarta-feira (23), ela contou que os primos foram criados praticamente juntos.
Nayara foi baleada no dia 1º de junho enquanto trabalhava no salão de beleza dela, na rua Belisário, no bairro Barra. Ela chegou a ser socorrida com vida, mas não resistiu aos ferimentos. "Ele era muito próximo da gente, eles eram praticamente da mesma idade. Todo mundo junto, ele acompanhou a família depois da morte dela, foi ao velório e sepultamento da minha filha normalmente", explicou.
Antes de morrer, a vítima, que foi atingida cinco vezes nas pernas e no tórax, chegou a dizer que havia sido roubada. Conforme investigação da Polícia Civil, o militar, de 35 anos, teria cometido o crime e forjado documentos para receber indenizações relativas a seguros de vida contratados pela prima em valores que ultrapassavam dos R$ 15 milhões.
Ele foi preso na última segunda-feira (21), e um segundo homem suspeito de participação no homicídio foi preso, em Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte, em data anterior.
Questionada sobre os seguros, a mãe de Nayara não informou se a família toda tinha conhecimento do valor. "Sobre isso, eu não tenho o que falar. Tudo aquilo que eles falaram (a Polícia Civil) era real", se limitou a dizer.
Vítima deixa filha de 14 anos
Nayara morava com a mãe e a filha, uma adolescente de 14 anos. A garota permanece com a avó materna. "A Nayara era minha amiga, a gente saía junta, ela é um pedaço de mim, minha filha é tudo para mim. Eu pedi muito a Jesus para a justiça ser feita. Agora, eu peço a Deus muita paz para gente, muito discernimento e que Deus abençoe e nos proteja para levar uma vida mais tranquila, com menos violência. Que o povo tenha mais coração e mais amor ao próximo ", finalizou.
Prisão de PM gerou surpresa em moradores da cidade
O militar preso pelo assassinato era conhecido na cidade como "uma pessoa tranquila". O homicídio de Nayara gerou surpresa entre os moradores.
"Ele sempre foi muito tranquilo e gente boa. É 'filho' de Muriaé, criado aqui. Sempre gostou de andar pela cidade bem arrumado, conversando com todo mundo. Foi uma surpresa saber desse crime contra a própria prima", disse um morador, sob anonimato.
Após ser ouvido na delegacia, o policial foi encaminhado à Unidade Prisional do 21º BPM, em Ubá.
Militar pode sair da corporação
Procurada, a assessoria de imprensa da Polícia Militar em Muriaé informou que o policial é 2º sargento e completa 15 anos de corporação em agosto. Será aberta uma apuração administrativa e as providências podem ser desde o arquivamento até a demissão do militar. Ainda segundo a polícia, não havia nenhum outro processo administrativo contra ele.
Matéria atualizada às 18h28