HPS de BH

Funcionários do João XXIII denunciam superlotação e pacientes nos corredores

Uma paralisação e um ato estão marcados para esta terça-feira; Fhemig disse que não recebeu as denúncias dos trabalhadores e que quando receber tudo será apurado

Por Natália Oliveira
Publicado em 12 de outubro de 2020 | 20:40
 
 
 
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Os trabalhadores do Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS) vão fazer uma paralisação com um ato nesta terça-feira (13) em frente a unidade de saúde onde prometem apresentar fotos e documentos que mostram superlotação e pacientes nos corredores por causa de mudanças nos espaços de atendimentos. Eles alegam que estão trabalhando em situações precárias com risco para os funcionários e pacientes. Segundo eles, se a Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) não resolver os problemas, os funcionários não vão voltar a trabalhar na unidade de saúde. 

De acordo com a Associação do Sindicato dos Trabalhadores em Hospitais da Administração Pública Direta e Indireta do Estado de Minas Gerais (Asthemg), foram fechados os ambulatórios do HPS e os pacientes foram reunidos em um só espaço. Muitos deles precisaram ficar nos corredores do hospital, por causa de mudanças feitas nos espaços de atendimentos dos pacientes. 

"A situação de caos foi definitivamente instalada no João XXIII com o fechamento de um ambulatório (Sala 7). A mudança desalojou os pacientes que eram tratados ali para o corredor. O corredor lotado coloca em proximidade arriscada pacientes comuns e aqueles em tratamento de Covid-19. Neste corredor, também o pessoal da enfermagem trabalha sob tensão redobrada, divididos entre a responsabilidade de dar medicação e de administrar a própria calma e a dos pacientes expostos ao trânsito contínuo de pessoas e macas", informou a associação.

De acordo com a Asthemg, o fechamento dos ambulatórios e o acúmulo de sete clínicas em um único ambiente está levando os profissionais a cometerem erros como medicação indevida e descontrole das prescrições e dos exames a serem feitos nos paciente.  

"A incompreensível opção da gestão pelo caos no Pronto Socorro também pode ser vista na Sala 3. Ali foram reunidos os atendimentos para  sete tipos diferentes de clínicas que antes possuíam espaço próprio. Outro retrocesso que pode ser verificado no HPS foi o fechamento da sala de sutura (para cuidado de pequenos ferimentos) onde eram acolhidas mulheres e crianças. Esses pacientes perderam o espaço que lhes garantia mais privacidade e agora são cuidadas juntamente com os pacientes homens", destaca a Asthemig. 

Por nota a Fhemig informou que, até o momento, não foi notificada pela Asthemg sobre o movimento. "O Hospital João XXIII também não foi informado sobre a manifestação e não tem conhecimento das denúncias. A Fhemig mantém o diálogo com os representantes dos sindicatos periodicamente e, até o momento, as reivindicações apontadas não foram informadas. Assim que houver a notificação a Fhemig irá apurar as denúncias e providenciará as respostas cabíveis", concluiu.

Em depoimentos gravados pela associação dentro do hospital, um paciente que estava com 50% do corpo queimado aguardava por 13 horas o atendimento médico em meio a vários outros pacientes. Imagens mostram também um paciente recebendo transfusão de sangue no corredor e com um monitor de sinais vitais.

Veja vídeos feitos pela Athemg:

 


Veja as reivindicações da Asthemig:

 

1- A reabertura imediata da Sala 7 no ambulatório, para que os pacientes dos corredores possam ser atendidos de forma um pouco mais digna; 
2- Garantia de ambiente adequado e salubre na Sala 6, para os pacientes e os funcionários, já que o local é fechado por ser tratamento de Covid-19 e tem chegado a 39ºC sem sistema de ventilação apropriado; 
3- Revisão da decisão de fechamento da sutura onde as pacientes femininas e crianças eram tratadas de forma mais digna, com respeito à sua vulnerabilidade e privacidade; 
4- Reposição do quadro de funcionários da enfermagem; 
5- Reconsideração das condutas administrativas que estão sendo implantadas com consequências que prejudicam a assistência dos pacientes  
 

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