Menores

Governo diz que já fez acordo com MP para resolver gargalo

Secretaria de Segurança Pública afirma estar ‘envidando esforços’ para aumentar número de agentes

Por Letícia Fontes
Publicado em 23 de abril de 2018 | 03:00
 
 
 
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A Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) fechou um acordo com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) para reformar, requalificar e construir mais unidades socioeducativas. Segundo a pasta, por motivo de segurança, o governo não informa lotação, número de funcionários e divisão espacial de unidades específicas. “O governo de Minas trabalha para a ampliação expressiva destas vagas e, para isso, acordou um plano decenal com o Ministério Público”, diz a Sesp em nota à reportagem.

Segundo a pasta, o encaminhamento para o sistema socioeducativo depende de determinação judicial, baseada em regras de internação descritas no Estatudo da Criança e do Adolescente (ECA). Segundo a pasta, é o juiz quem requisita a abertura de vaga para que o adolescente cumpra a medida determinada. O tempo máximo de internação, segundo a lei, é de três anos.

Ainda segundo a Sesp, nos centros, os menores são acompanhados por uma equipe especializada composta por pedagogos, psicólogos e enfermeiros, entre outros. Questionada sobre a reclamação dos agentes socioeducativos – de que eles não passam por cursos de requalificação –, a Sesp ressaltou que, “conforme a demanda”, fomenta cursos de reciclagem e capacitação para os agentes e outros profissionais na capital e no interior. Para este ano, está prevista a ampliação do treinamento “Legislações e normativas básicas para agentes de segurança socioeducativos”, iniciado em 2017, além da capacitação “Limite da atuação do agente socioeducativo na aplicação das técnicas de contenção: consequência nos planos administrativo e jurídico”.

Sobre contratação de novos servidores, a Sesp informou que está “envidando esforços para garantir a recomposição de quadros do sistema socioeducativo” e já deu início aos “trâmites necessários para realização de concurso” para a contratação de novos agentes.

Questionado sobre a ausência de autos de vistoria do Corpo de Bombeiros, o Estado informou que tem trabalhado para regularizar a situação e fazer as vistorias necessárias. Para os centros que não possuem o auto, já está em tramitação no Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DEER-MG) o projeto de combate a incêndio, com valor estimado de R$ 2 milhões para atender todas as unidades socioeducativas do Estado.

Em relação aos alvarás da Vigilância Sanitária, a Sesp ressaltou que o procedimento depende da conclusão do projeto de combate a incêndio. A pasta também trabalha para a regularização dos alvarás concedidos pelas prefeituras, que dependem de normalização de registro de imóvel, cujos processos estão em tramitação na Secretaria de Estado de Fazenda.

Reformas

Capital. De acordo com a Subsecretaria de Atendimento Socioeducativo, em 2017, oito dos nove centros socioeducativos para menores da capital mineira passaram por reformas.

 

Promotor reconhece esforço do Estado

Apesar dos inúmeros problemas, o promotor Marcio Rogerio de Oliveira, da Promotoria de Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes de Belo Horizonte, vislumbra soluções em médio prazo. Segundo Oliveira, é possível perceber uma movimentação para propor soluções para o problema. “Podemos dizer que o atual governo do Estado tem o grande mérito de ter voltado o olhar para essa questão, que, em gestões anteriores, foi completamente ignorada. É uma política difícil de se trabalhar, e a sociedade não valoriza”, ressalta.

No acordo firmado em 2017, o governo se comprometeu a implementar 18 novos centros de internação no Estado.

Além da inauguração das unidades, a promessa é que sejam construídas mais 29 casas de semiliberdade nos próximos dez anos. O governo se comprometeu a elaborar e implementar um modelo padronizado de projeto político-pedagógico para estruturação de uma escola estadual de socioeducação. “Até o momento, o Estado vem se empenhando para cumprir as primeiras etapas desse acordo e tem estudado as deficiências”, disse o promotor.

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