Estradas

Greve de caminhoneiros interdita rodovias em Minas e em mais 8 Estados

Categoria protesta contra o governo federal; em MG, há pontos de retenção parcial nas BRs-381, 262, 040, onde somente a passagem de ônibus e carros de passeio está liberada

Por Gustavo Lameira/Ludmila Pizarro
Publicado em 09 de novembro de 2015 | 07:18
 
 
 
normal

Os caminhoneiros deram início a uma greve nacional a partir da 0h desta segunda-feira (9) contra o governo federal. Em Minas Gerais, o protesto complicaram o trânsito nas principais rodovias que levam a Belo Horizonte desde as primeiras horas do dia. Apenas veículos de passeio e ônibus são liberados pelos grevistas para seguir viagem.

Os caminhoneiros também pararam estradas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Tocantins, Rio Grande do Norte e Bahia.

Veja os pontos de interdições em Minas, conforme a Polícia Rodoviária Federal (PRF):

BR-381, KM 359, em João Monlevade, região Central de Minas;

BR-381 KM 513, altura de Igarapé, região metropolitana de Belo Horizonte; 

BR-262, KM 412, em Igaratinga, no Centro-Oeste de Minas;

BR- 040, nos KMs 627, em Conselheiro Lafaiete, região Central do Estado.

Igarapé

O procurador de Igarapé, Vinícius Caldeira Andrade, esteve na BR-381 na manhã desta segunda (9). A intenção era a de garantir o direito de manifestação dos caminhoneiros e também que o abastecimento na cidade seja mantido, diferente do que aconteceu na paralisação feita em março deste ano pela categoria.

Nesse ponto, as cargas vivas, as perecíveis e as de medicamentos são liberadas. A manifestação é pacífica e a fila de caminhões parados é de 6 km.  

Liminar

Na avaliação do procurador Vinícius Andrade, a liminar emitida pelo Tribunal de Justiça na última greve dos caminhoneiros é válida também para este momento. O documento também recebeu parecer positivo da Advocacia-Geral da União (AGU) no último dia 6. 

O procurador explica que os nomes citados nessa liminar e que estiverem presentes na manifestação desta segunda-feira (9) devem ser multados em R$ 5.000 por hora de paralisação. Mas, para quem ainda não foi citado, a PRF pode anotar os nomes dos manifestantes que estão obstruindo as vias e repassá-los à AGU para que passem a constar na lista de multas. 

De acordo com os caminhoneiros, essa liminar não é válida e eles continuam o protesto. 

João Monlevade 

Em João Monlevade, o trânsito está fechado desde às 5h30. "Tem bastante caminhão aqui. Nós estamos em frente ao Posto Graal, e só carro pequeno e ônibus estão passando", contou Rodrigo Martins da Costa, 37, na profissão de caminhoneiro há oito anos. 

Reivindicações 

A categoria cobra do governo federal o compromisso assumido na paralisação de abril deste ano. O Planalto, porém, alega já ter atendido a maior parte dessas reivindicações.

Os caminhoneiros pedem a criação de um frete mínimo; refinanciamento dos veículos, a isenção do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e a redução no preço do combustível (diesel).

"Temos que pagar ICMS, PIS, só em outubro eu paguei R$ 480 de imposto e a gente não recebe nada em troca. Não tem segurança, se o caminhão é roubado a polícia não consegue encontrar, corremos risco de ser assaltado. É uma questão de sobrevivência hoje que essas reivindicações sejam atendidas. O diesel está  R$ 3 o litro, o meu caminhão faz 2 km com um litro. Em 100 km gasto R$ 150 só com o diesel e recebo 470 de frete. Além disso tem os pedágios, que estão muito caros, o seguro do caminhão que é R$ 8.000 por ano, a parcela do financiamento. Os bancos colocaram os juros do financiamento lá em cima e não querem saber se a economia vai bem ou mal, querem é tirar o bem se não pagar. Como está não temos mais condições de sermos autônomos, de pagar as contas da família. Não tem cabimento, com um bem de R$ 200 mil, não sobra R$ 150 no fim do mês depois das contas pagas. O caminhoneiro precisa ter um seguro, pagar um plano de saúde, porque as condições de trabalho são precárias, tem gente com problema de pressão alta, de depressão...", disse o caminhoneiro Renato Martins de Almeida.

A princípio, o movimento pede apenas melhorias para a categoria, mas pode se tornar uma questão política. "Eu acho que quando as reivindicações não foram atendidas a questão política vai surgir naturalmente. Porque eles prometem que vão melhorar as condições de vida e não melhora nada. E a corrupção não para, o país está na mão de bandidos. A Dilma (presidente da república) disse que vai colocar a guarda nacional contra o movimento. Se eles tentarem alguma coisa, tentarem segurar os piquetes, aí vai ser pior, o pessoal pode até queimar caminhão", alerta Renato.

Segundo o caminhoneiro Wilson André, na greve passada, entre março e abril deste ano, o governo federal prometeu trabalhar por uma tabela mínima, porém não houve qualquer avanço nesse sentido. "No início do ano o diesel consumia 45% do valor e agora é mais de 60%", contabilizou. 

Participam da paralisação sindicatos de caminhoneiros de Betim e Contagem, os Cegonheiros mais caminhoneiros autônomos. 
 
 
Atualizada às 16h14

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!