Vacinação contra a Covid-19

Greve de garis e motoristas da coleta de lixo é suspensa em BH: entenda

Após proposta do MPT, Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) irá consultar o Ministério da Saúde para saber se profissionais da limpeza urbana podem ser incluídos na categoria de trabalhadores da saúde

Por Lara Alves
Publicado em 31 de março de 2021 | 16:32
 
 
 
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A paralisação de garis e motoristas responsáveis pela coleta de lixo foi suspensa na tarde desta quarta-feira (31) após uma audiência de conciliação entre sindicatos que representam as categorias e a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) com mediação do Ministério Público do Trabalho (MPT). A suspensão do movimento de greve irá perdurar até a tarde da sexta-feira da Paixão (2), pelo menos, a pedido do município que irá checar com o Ministério da Saúde a possibilidade de inclusão dos profissionais de limpeza na categoria de trabalhadores em saúde para a imunização contra o coronavírus. 

Por meio de nota, a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) afirmou que a suspensão da paralisação será mantida até que o Ministério da saúde se manifeste e que 48 horas é o prazo concedido à PBH para o encaminhamento da solicitação. Contudo, por outro lado, sindicatos ligados às categorias reforçaram que greve poderá recomeçar se houver demora por parte do Ministério da Saúde.

Garis e motoristas reivindicam que sejam contemplados na campanha nacional de vacinação em função dos riscos de contágio pela Covid-19 a que estão submetidos em suas funções. De acordo com o Sindeac, instituição sindical que representa os garis, esses profissionais são trabalhadores da área da saúde. A Prefeitura de Belo Horizonte, contudo, não concorda com o entendimento, mas comprometeu-se a consultar o Ministério da Saúde (MS) a respeito nas próximas 48 horas, e, portanto, a paralisação permanecerá suspensa no período.

Em hipótese de lentidão pelo órgão em retorno à PBH, o movimento de greve poderá recomeçar, como esclarece Paulo Roberto da Silva, presidente do Sindeac. “O prazo inicial acertado é de suspensão da greve por 48 horas, período que a prefeitura terá para efetuar a solicitação para o Ministério da Saúde. Entendemos que haverá um período para que o Ministério da Saúde responda, mas, não esperaremos a vida inteira. A suspensão da greve é temporária, e, se demorarem a retornar com uma resposta, novamente faremos uma consulta entre os membros do sindicato para sabermos se prorrogaremos a suspensão ou se iremos retomar a greve”, detalha.

Funcionários ligados à Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) começaram a reivindicar inclusão no calendário municipal de imunização contra o coronavírus há oito dias com o anúncio de uma primeira paralisação pelo período de 24 horas com o intuito de atrair a atenção do poder público para a urgência de um cronograma que contemplasse esses profissionais. Segundo o Sindeac, taxa de contaminação pela Covid-19 entre garis aproxima-se de 30% do efetivo total – ou seja, cerca de 1.050 trabalhadores da limpeza, entre aproximadamente 4.000 lotados na capital mineira, foram infectados.

A necessidade de priorizar a imunização da categoria dá-se, segundo argumenta Silva, pelo risco a que estão submetidos esses servidores. “Nós lidamos com lixo, lixo que, muitas vezes, está contaminado. A geração de lixo praticamente dobrou após o início do distanciamento social, e são descartadas máscaras usadas e outros resíduos que podem ser de pessoas que, em suas casas, estão infectadas. Se nós somos considerados essenciais por questão de saúde pública, já que não dá para dispensar a coleta, por quê não fomos incluídos como preferenciais para receber a vacina?”, questiona.

Ele insiste que a força sindical acredita estarem garis e motoristas da coleta de lixo contemplados no Plano Nacional de Imunização (PNI) contra a Covid-19 do Ministério da Saúde. “Nós somos linha de frente. É uma questão de lógica, por que os trabalhadores que coletam lixo contaminado têm que trabalhar sem a proteção da vacina? Nós não queremos conturbar mais o cenário que já está complicado, mas, queremos ser incluídos”. Por outro lado, o Executivo municipal diverge desse entendimento a partir das orientações do Ministério da Saúde.

Portanto, chegou-se em audiência com mediação do Ministério Público do Trabalho (MPT), à manhã de quarta-feira (31), a um consenso que prevê uma consulta da Prefeitura de Belo Horizonte ao órgão federal para definir se garis e motoristas da limpeza serão ou não incluídos na imunização municipal. Quanto à discordância sobre os critérios do PNI, foi citado em ata que o representante do Executivo declarou não poder a PBH realizar uma interpretação extensiva dos postulados no plano nacional e reforçou ter a Secretaria Municipal de Saúde (SMS-BH) idealizado um cadastro dos profissionais da limpeza urbana para que sejam estabelecidos os critérios municipais de vacinação quando forem contemplados.

Início da greve

A paralisação de garis e motoristas da coleta de lixo liderados pelos sindicatos que representam as categorias – Sindeac e Simeclodif –  começou à noite dessa terça-feira (30) e foi interrompida na tarde de quarta-feira. Entretanto, em nota à reportagem na manhã deste último dia de março, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) declarou que mesmo após instauração da greve foi feita a coleta noturna de resíduos domiciliares. Segundo o município, todas as atividades de limpeza urbana funcionaram normalmente no período em que foi mantida a greve.

Atualizada às 19h06.

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