Pagar certa quantia à espera da cerveja preferida e perceber que o gosto está diferente pode ser uma grande decepção. Foi para coibir um suposto falsificador que colocava rótulos e tampas de cerveja Brahma em garrafas que continham Glacial, que a Polícia Civil de Minas Gerais deflagrou uma operação nessa quinta-feira (11). Na garagem de uma casa no bairro Nazaré, região Nordeste de Belo Horizonte, a corporação apreendeu 50 engradados com garrafas de cerveja. Vinte e quatro delas estavam com rótulos trocados e outras 26 descaracterizadas. Ninguém foi preso.
"Tudo começou quando recebemos uma denúncia anônima sobre a falsificação. Então foi instaurado uma investigação e diligências preliminares apontaram que a denúncia tinha procedência. Representamos um mandado de busca e apreensão e ontem recolhemos os materiais fraudados", explica o delegado Sérgio Paranhos Fleury Belizario, à frente do procedimento, capitaneado pelo Departamento Estadual de Investigação de Fraudes (DEF).
Na casa em que estavam os engradados, foram apreendidos milhares de rótulos e "tampinhas" usadas no processo de adulteração, duas prensas que serviam para tampar as garrafas, um aparelho celular e até notas fiscais. O principal suspeito, um homem de 46 anos que é proprietário do imóvel, foi identificado e será intimado para prestar esclarecimentos.
"Ele retirava os rótulos originais, reimprimia os que interessavam e, em seguida, marcavam as garrafas. Tinham até prensas específicas no local para tampar as garrafas. Rotulavam a cerveja mais barata como se fosse a mais cara", pontua Belizario. Até o momento, a polícia apurou que a fraude acontecia apenas entre as duas marcas.
Confira o vídeo gravado durante a apreensão:
Fora o crime de fraude cometido ao adulterar as cervejas, o local onde acontecia todo o processo era bastante inóspito e com pouquíssimas condições de higiene. "Era muito precário. Essa apreensão reprime os crimes contra relações de consumo e risco para a saúde pública, uma vez que o local onde ocorria o processo de trocas de rótulos não tinha nenhuma condição de higiene", aponta o delegado.
As bebidas fraudadas eram revendidas a bares e comércios na região Nordeste, nas proximidades do bairro Nazaré. Ainda não se sabe exatamente quais estabelecimentos adquiriram os produtos e a que preço eram passados a eles. No entanto, em distribuidoras de bebidas, uma garrafa 600ml de Brahma costuma ser vendida entre R$ 5 e R$ 6, enquanto uma garrafa do mesmo tamanho, porém de Glacial, é vendida entre R$ 3 e R$ 4. A falsificação garantiria lucro ao autor do crime.
Segundo a Polícia Civil, não há indícios que apontem que os comerciantes que revendiam o produto falsificado tinham ciência da fraude. Quanto o suspeito do crime, se condenado, pode responder pelos crimes contra as relações de consumo. Para esse tipo de delito, a lei prevê desde pagamento de multa até prisão de dois a cinco anos.
Repúdio
Procurada, a cervejaria Ambev, responsável pela produção de Brahma, informou que apoia totalmente os órgãos responsáveis por investigar casos suspeitos de falsificação, adulteração, uso indevido da marca e tentativas de ludibriar os consumidores.
"Essa apreensão refere-se a uma prática local e isolada, sendo sua representatividade absolutamente insignificante diante do volume existente no mercado", comunicou por meio de nota.
Em comunicado, a Glacial também informou que repudia "qualquer tipo de ação ilícita e que possa prejudicar seus clientes e consumidores". Em nota, ela informou ainda que está contribuindo com as autoridades.