A mudança no prazo entre a segunda e a terceira doses da vacina contra a covid-19 começou a valer há pouco mais de uma semana, mas ainda tem gerado confusão entre os moradores de Belo Horizonte.
A designer gráfico Paloma Parentoni, 42, esteve no posto do bairro Sagrada Família nesta terça (28), mas ainda não pôde completar o esquema vacinal. "Fiquei sabendo ontem do adiantamento e vim me vacinar, mas me disseram para voltar amanhã. Isso apesar de os meus 4 meses desde a segunda dose terem sido completos no dia 25", disse.
Aos 39 anos recém-completos, a psicóloga Letícia Dias foi ao mesmo posto sem a certeza de que poderia se vacinar. "Eu acabei de fazer 39, e o site da prefeitura fala nas pessoas com 38 anos, apenas. Mesmo assim, vim saber se eu podia ou não ser vacinada", contou.
Em outra unidade da região leste, no Centro de Saúde Horto, também teve gente saindo sem tomar a vacina.
A chef de cozinha Ana Carolina de Oliveira, 37, foi vacinada com as doses da Janssen e perdeu a convocação para a dose de reforço, na semana passada. Fora da data certa, o imunizante só está disponível em algumas unidades - que não incluem a do Horto. "Eu vou aproveitar meu horário de almoço e vou lá agora, não posso deixar passar mais tempo", afirmou. O comerciante Maurício Sady, também de 37 anos, estava na mesma situação, e os dois seguiram juntos para o CRAS Granja de Freitas, onde há doses do imunizante.
Na capital mineira, segundo a prefeitura, cerca de 750 mil pessoas já completaram o prazo para a dose de reforço.
Até a próxima sexta, dia 31, a convocação é para pessoas com comorbidades, gestantes, puérperas, pessoas com deficiência permanente ou síndrome de down. Em todos os casos o chamamento só vale para quem completou 4 meses desde a aplicação da segunda dose. Na semana que vem, a partir de 3 de janeiro, a convocação será para os trabalhadores da educação e as pessoas com 58 e 59 anos.
A dose de reforço contra a covid-19 é apontada por especialistas como essencial para garantir o nível de anticorpos contra a doença, além de aumentar a efetividade do imunizante contra a variante ômicron, classificada como de "risco global muito alto" pela Organização Mundial da Saúde.
Nem a segunda dose
O motorista de aplicativo Claudius Domingues devia ter tomado a segunda dose da Coronavac em 10 de setembro, mas acabou não procurando os postos. "Eu estava com alguns problemas na família e fiquei sem tempo", contou. Nesta terça, aproveitou a ida da irmã, convocada para a terceira dose, para tentar colocar a vacinação em dia, mas o posto, no Sagrada Família, não tinha unidades da Coronavac.
O filho de Denise Cristina tem 19 anos e também devia ter tomado a segunda dose há meses. “A prefeitura mandou ele ir bem longe pra tomar a Coronavac, mas nas duas vezes que ele chegou lá não conseguiu, porque não quiseram abrir um frasco novo só pra ele. Agora, eu estou desempregada e ele também, não temos como pagar mais uma passagem para ele tentar de novo tomar essa vacina”, reclamou.
Por meio de nota, a Prefeitura de Belo Horizonte disse a O TEMPO que foram disponibilizados 36 postos de repescagem na cidade, para quem perdeu a data da vacinação. Fora da data da convocação de cada público, há um ponto de repescagem por regional, para cada tipo de vacina. Já em relação à abertura de novos frascos, a PBH disse que “para evitar a perda de doses, a orientação repassada a todas as equipes dos pontos de vacinação é que abra um novo frasco do imunizante, definido para a faixa etária ou grupo prioritário, somente quando há pessoas suficientes para que todo o líquido seja utilizado”.