Transporte

Kalil veta reajuste, e empresas de ônibus ameaçam cortar número de viagens

Presidente do Setra-BH ameaça ir à Justiça para conseguir o aumento requerido

Por Letícia Fontes e Pedro Ferreira
Publicado em 19 de dezembro de 2019 | 16:57
 
 
 
normal

O prefeito Alexandre Kalil (PSD) proibiu o aumento de R$ 0,25 na tarifa de ônibus da capital – o valor continua R$ 4,50 pelo menos até o fim do ano. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (19) após reunião com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH). Mas o “não” do prefeito pode resultar em mais tempo de espera no ponto para os usuários. As empresas do setor prometem entrar na Justiça contra a decisão e ameaçam cortar o número de viagens a partir de hoje.

Kalil minimizou a ameaça das concessionárias. Segundo ele, um decreto será publicado nos próximos dias obrigando as 40 empresas que atuam na capital a apresentarem, até o fim de 2020, uma fórmula única de cálculo, com uma espécie de balanço do ano que justifique o aumento. 

Ainda conforme o prefeito, o descumprimento da presença de cobradores nos ônibus foi o principal motivo para que ele barrasse o aumento, que tradicionalmente ocorre no fim do ano. Por lei, a presença de agentes de bordo é obrigatória na capital. Os veículos só podem circular sem o profissional no horário noturno, das 20h30 às 5h59 – com exceção das linhas do Move. Mas não é o que vem acontecendo. Prova disso é o aumento das 60,9% nas multas aplicadas às empresas pela ausência do trocador 

“Isso não é Atlético e Cruzeiro, não é guerra. O decreto os obriga a apresentar uma fórmula única contábil de todas as empresas, porque nós queremos saber”, afirmou. “Não vão parar, não vão fazer nada. Pois não vai faltar gente para querer uma concessão em uma cidade do tamanho de BH. Não vão fazer dessa cidade o que eles querem. Não temos medo de nenhum fornecedor”, completou o prefeito. 

Outro lado

O presidente do Setra-BH, Joel Pasqualin, definiu a reunião como “péssima” e disse que, sem reajuste, pode haver demissão dos cerca de 500 cobradores recém-contratados a pedido da prefeitura. “Sem o reajuste, com certeza vamos deixar de ter algumas viagens inteiras, e haverá demissões, pois, se você não paga a folha, o funcionário não vai trabalhar”, alegou. 

Segundo ele, as pessoas não estão valorizando o que as empresas têm feito, como a implantação de ar-condicionado em 45% dos 2.800 coletivos da frota de BH. 

Passagem do metrô vai subir em janeiro

A tarifa do metrô da capital vai começar o ano mais cara. Em janeiro, o valor da passagem vai passar de R$ 3,70 para R$ 4. E não vai parar por aí. Em março, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) promete um novo aumento, chegando a R$ 4,25. Desde abril, o preço vem sendo reajustado, como foi determinado pela 15ª Vara da Justiça Federal em Minas Gerais. A tarifa do metrô na capital mineira custava R$ 1,80.

Com relação aos coletivos que atendem a região metropolitana, ainda não há definição de aumento, segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitanos (Sintram).

Reajuste

83,6% foi o aumento da tarifa de ônibus de BH desde 2010

A novela da tarifa

Veja a evolução dos preços na tarifa dos ônibus da capital nos últimos dez anos:

2010

  • Linhas mais comuns: R$ 2,45.
  • Suplementares (vilas e favelas): R$  0,60.
  • Circular e alimentadoras: R$ 1,75.
  • Táxi lotação: - 

2011

  • Linhas mais comuns: R$ 2,65.
  • Suplementares (vilas e favelas): R$  0,60.
  • Circular e alimentadoras: R$ 1,85.
  • Táxi lotação: - 

2012

  • Linhas mais comuns: R$ 2,80.
  • Suplementares (vilas e favelas): R$ 0,65.
  • Circular e alimentadoras: R$ 2.
  • Táxi lotação: - 

2013

  • Linhas mais comuns: R$ 2,65.
  • Suplementares (vilas e favelas): R$ 0,60.
  • Circular e alimentadoras: R$ 1,90.
  • Táxi lotação: - 

2014

  • Linhas mais comuns: R$ 2,85.
  • Suplementares (vilas e favelas): R$ 0,65.
  • Circular e alimentadoras: R$ 2,05.
  • Táxi lotação: - 

2015

  • Linhas mais comuns: R$ 3,10.
  • Suplementares (vilas e favelas) - R$ 0,70.
  • Circular e alimentadoras - R$ 2,20.
  • Táxi lotação: - 

2016

  • Linhas mais comuns: R$ 3,40.
  • Suplementares (vilas e favelas): R$ 0,85.
  • Circular e alimentadoras: R$ 2,35.
  • Táxi lotação: R$ 3,75.

2017

  • Linhas mais comuns: R$ 3,70.
  • Suplementares (vilas e favelas): R$ 0,85.
  • Circular e alimentadoras: R$ 2,65.
  • Táxi lotação: R$ 4,05.

2018

  • Linhas mais comuns: R$ 4,05.
  • Suplementares (vilas e favelas): R$ 0,90.
  • Circular e alimentadoras: R$ 2,85.
  • Táxi lotação: R$ 4,45.

2019

  • Linhas mais comuns: R$ 4,50.
  • Suplementares (vilas e favelas): R$ 1.
  • Circular e alimentadoras: R$ 3,15.
  • Táxi lotação: R$ 5.

Fonte: BHTrans

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!