O rapper belo-horizontino Djonga, de 24 anos, cravou há tempos seu nome no topo da cena do rap nacional. Depois do sucesso estrondoso conquistado por seu segundo álbum, "O Menino Que Queria Ser Deus", lançado no ano passado, sua nova empreitada, "Ladrão", ultrapassou a marca dos 14,5 milhões de plays no Youtube e no Spotify, nesta quinta-feira (21), apenas oito dias depois de ter sido divulgado.
Não à toa são altas as expectativas para a primeira apresentação de "Ladrão" ao público. O músico anunciou que o lançamento oficial acontece no dia 21 de abril, no KM de Vantagens Hall, e a inteira custa R$ 10. As vendas começam nesta sexta-feira (22).
Disponibilizado inicialmente apenas no Youtube no último dia 13, data de sorte em que também foram lançados seus dois outros álbuns, "Ladrão" estourou antes mesmo de chegar à plataforma. Ao apresentar a arte que estampa a capa, onde segura a tradicional máscara dos membros segregacionistas da Ku Klux Klan (KKK), enquanto a avó aparece sentada ao fundo, o rapper explicou aos fãs a razão autobiográfica que norteia a produção tão repleta de críticas.
"Quando eu era criança, eu andava na rua e me sentia ladrão mesmo quando nunca tinha roubado nada as pessoas olhavam com medo, quando cresci mais um pouco roubei pra ter e pra me sentir melhor, me sentir fodão... O tempo passou e eu entendi que tipo de ladrão eu devia ser, esse que busca e traz de volta pras minhas e pros meus", escreveu o cantor em seu perfil "Djongador", no Instagram.
Em "Ladrão", o músico denuncia o apartheid social tão historicamente enraizado na população brasileira e é sobre raízes e origens que Gustavo Pereira Marques, o nome de batismo do rapper, se debruça. O álbum foi gravado em um estúdio montado pelo coprodutor Thiago Braga, em um imóvel na rua Tenente Garro, onde morou Dona Maria Eni, a avó do cantor que ganha destaque na capa do disco.
É também sobre contato e "devolver aos seus" que se trata tudo que margeia "Ladrão": do valor mais acessível do ingresso para o show de lançamento à divulgação das faixas inicialmente exclusiva ao Youtube.
"Já que nem todo mundo tem dinheiro ou condição de usar as diversas plataformas de streaming que existe, sempre solto lá (no YouTube) primeiro, pra geral ter a primeira experiência com o trampo juntos", explicou Djonga em sua conta oficial no Twitter.
"Ladrão"
Apesar de puramente autobiográfico, muitas das dez faixas do disco contam com participações especiais e se debruçam sobre homenagens e referências à cultura brasileira. "Deus e o Diabo na Terra do Sol", por exemplo, remete ao filme clássico e revolucionário do cineasta Glauber Rocha, e a canção conta ainda com a presença de Felipe Ret.
Há ainda uma cover, uma releitura do sucesso "Moleque Atrevido", do sambista Jorge Aragão. Ademais, por duas oportunidades, Elis Regina é homenageada, tanto na faixa "Bené", quando o rapper cita o verso "viver é melhor que sonhar", do clássico "Como Nossos Pais", de Belchior", e também na canção "Falcão", que encerra o álbum e termina com um trecho de "Romaria".