"O que eu ganho é para manter as crianças. Não posso tirar do alimento deles para fazer outras coisas", o relato é da desempregada Célia Arquimimo Barros, de 46 anos, mãe de Miguel Felipe Barros de Oliveira, de 11 anos, que durante a semana ligou para a Polícia Militar pedindo ajuda para a família que estava passando fome. A mãe, que possui curso de Bombeiro Civil e de Segurança, está a procura de um emprego, mas não possui recursos para pagar os cursos de reciclagem para poder voltar ao mercado de trabalho. "Queria um emprego para não voltar a viver essa situação", diz a mãe sobre os dias em que passou sem saber se teria o que dar de comer aos seis filhos que vivem com ela na casa de três cômodos, no bairro São Cosme, em Santa Luzia, na região Metropolitana de Belo Horizonte.
Desde o dia em que o pedido de ajuda do menino Miguel viralizou, foram vários os gestos de solidariedade com a família. Eles ganharam alimentos, roupas, sapatos, brinquedos e uma porta, que foi instalada na manhã desta sexta-feira (5). " A porta que estava na entrada não fechava. Estava toda quebrada. À noite, eu tinha que empurrar os móveis atrás dela para segurar. E eu ficava com medo pelas crianças", conta a mãe. As doações foram feitas por policiais militares e pela comunidade.
Durante a semana, a mãe foi procurada por representantes da Prefeitura de Santa Luzia, que garantiram uma vaga para a filha Sara Vitória Barros de Paula, de 3 anos, na Unidades Municipais de Educação Infantil do bairro Alto São Cosme. A expectativa agora é de que o filho Gael Henrique Barros de Paula, de 10 meses, também possa conseguir vaga em uma creche da cidade. "É importante para que eu consiga voltar a trabalhar", disse.
Alguns voluntários procuraram a mãe de Miguel durante a semana para ajudar na distribuição de currículos. Funcionários do Sistema Nacional de Emprego (Sine) também fizeram o cadastro de Célia Barros e aguardam por uma oportunidade d emprego para ela.
Com a casa cheia de alimentos, roupas e brinquedos, o menino Miguel espera agora que a família consiga melhorar a estrutura da casa que hoje possui as paredes em cimento e a estrutura do banheiro precária, sem pia, sem porta e sem parte do piso. Eles já receberam ajuda de diversas pessoas e contam com o apoio de um grupo religioso para tentar reformar a casa. "Eu quero continuar a ajudar minha mãe", conta o menino Miguel que também sonha em ser policial.