A cena na manhã de ontem na avenida Afonso Pena, no centro de Belo Horizonte, era de curiosidade. Quem passava pelo local reservou alguns minutos para homenagear, com aplausos, a caminhada que marcou o Dia Nacional de Luta da Pessoa Deficiente.
Na capital mineira, os deficientes representam 12,4% da população e, no Brasil, 14,4%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pais, deficientes e profissionais envolvidos com a causa se organizaram para dar visibilidade à questão e alertar a sociedade para a necessidade de mudanças.
Para quem lida com deficientes, a história mostra que já houve conquistas, mas a inserção social e a acessibilidade continuam sendo os grandes desafios. Sair de casa todos os dias para levar o filho à Escola Municipal Especial de Venda Nova é um desafio para Elvira Souza, 41, dona de casa.
O menino de 8 anos nasceu com paralisia cerebral e hoje é cadeirante. A mãe contou que, sozinha, tem dificuldades para transitar com ele pela cidade, principalmente porque faltam rampas nos passeios e os elevadores dos ônibus quase sempre não funcionam.
Para Elvira, "preconceito existiu e ainda existe e, por isso, a importância dos movimentos de inclusão e da participação da família". A experiência da estudante Isabella Silva Zolini, 19, não foi produtiva na escola comum quando ela tinha 3 anos de idade.
De acordo com sua mãe, Luzia Zolini, 53, professora, a menina que tem síndrome de Down só conseguiu desenvolver suas habilidades quando foi transferida para a escola especial.
Hoje ela cursa a 5ª série do ensino fundamental no Instituto Municipal de Ensino Especial no bairro Luxemburgo e faz dança do ventre e flamenca, além de natação.
A mãe dela alertou que para que haja mudança na vida do deficiente é importante que, além da participação da família, a escola também forneça subsídios para a aprendizagem, uma vez que a inclusão, segundo ela, não é só social, mas também pedagógica.