Em BH

Major e sargento são presos em operação contra jogos de azar

Oficial receberia R$ 5 mil por mês para avisar organização criminosa das investigações

Por Aline Diniz
Publicado em 08 de novembro de 2017 | 18:35
 
 
 
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Dois policiais militares foram presos ontem suspeitos de repassar informações privilegiadas para uma organização criminosa que explorava jogos de azar em Belo Horizonte e em pelo menos outras sete cidades da região metropolitana da capital. Um dos militares é um major que recebia cerca de R$ 5.000 para assegurar a operação da quadrilha. O “salário” extra recebido pelo sargento não foi divulgado. Os militares informavam para o grupo quando a Polícia Militar (PM) iria realizar operações contra os jogos de azar nas áreas comandadas pela quadrilha Além disso, a dupla participava de operações contra casas de jogos de azar “concorrentes”. A quadrilha desarticulada ontem já atuava há cerca de dez anos.

Além dos militares, o Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPMG e a PM prenderam outros seis homens durante a operação Camaleão. Dois são irmãos e chefes da organização, e os outros quatro são considerados gerentes do esquema. Onze mandados de busca e apreensão também foram cumpridos, conforme a procuradora Cássia Virgínia Gontijo. O nome dos presos não foram divulgados para não atrapalhar as investigações. “Em uma busca em um escritório de contabilidade dessa organização criminosa, constatamos que só no mês de maio, a arrecadação foi em torno de R$ 480 mil”, informou.

O grupo gerenciava cem lojas em Belo Horizonte e mais sete cidades: Betim, Igarapé, Sarzedo, Ibirité, São Joaquim de Bicas, Mario Campo e Brumadinho. Um dos líderes foi detido em Ipatinga, na região do Vale do Aço, com mais de R$ 17 mil e duas armas de fogo. Na casa dele, em Belo Horizonte, a equipe do Gaeco encontrou R$ 200 mil em dinheiro. O segundo irmão, que também é líder, foi detido em Igarapé. Um terceiro irmão também foi identificado como chefe, entretanto, ele teve um Acidente Vascular Cerebral (AVC) em data anterior. Ele já foi intimado para depor.

“Nós temos o líder que atua e comanda Belo Horizonte e região metropolitana, um outro irmão que atua na região de Igarapé, São Joaquim de Bicas, Sarzedo e região. E um outro que explora Betim”, detalhou a procuradora.

Denúncia

As investigações começaram há seis meses depois que a corregedoria da Polícia Militar recebeu uma denúncia de que um oficial estaria “prestando serviços” para a organização criminosa. No decorrer das apurações, ficou configurado que um sargento também fazia parte do esquema. A intenção do Ministério Público, segundo Cássia, era chegar nos líderes do grupo. As ações ocorreram em junho, julho e em agosto. Cem máquinas caça-níqueis foram apreendidas durante as apurações do Gaeco. Só ontem, 65 policiais militares e dois membros do Gaeco participaram da operação Camaleão.

Em julho, foram apreendidos documentos e cerca de R$40 mil em um escritório do grupo em Betim. “Por uma estratégia de investigação, foram deflagradas operações em determinados lugares e momentos para que a gente pudesse conhecer efetivamente como era a ação dessa organização criminosa e a amplitude de atuação dela”, detalhou a representante do MPMG.

As investigações continuam com o objetivo de descobrir se há outros agentes públicos e demais suspeitos envolvidos no esquema criminoso. Na sequência, o MPMG vai oferecer uma denúncia contra o grupo na Justiça.

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