Minas Gerais registra nesta terça-feira (30) o quarto recorde seguido na média móvel de mortes confirmadas por Covid-19, com 256 óbitos registrados por dia ao longo da última semana, segundo o Termômetro da Covid do portal O TEMPO (veja o gráfico e entenda a metodologia abaixo).
A curva vem subindo fortemente desde o início de março, tendo saído de um nível já elevado nos dois primeiros meses do ano. Neste momento, o indicador encontra-se num patamar 61,4% maior do que há duas semanas. O número acumulado foi de 1.792 mortes confirmadas no Estado apenas nos últimos sete dias.
Para tentar conter o avanço do novo coronavírus, o governo determinou no último dia 15 a entrada de todas as cidades na Onda Roxa, a mais restritiva do programa Minas Consciente. Na ocasião, o novo secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, reforçou a importância das medidas sanitárias e alertou que, mesmo com a adesão das prefeituras e dos cidadãos, elas só começariam a apresentar resultados depois de pelo menos duas a três semanas.
O esgotamento dos recursos da rede assistencial pode ser uma das explicações para parte do aumento nos números. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), cerca de mil pacientes aguardavam nesta segunda-feira (29) por um leito de UTI em Minas Gerais. Em Belo Horizonte, conforme a Prefeitura, a ocupação estava em 104,7% nos hospitais particulares e 96,8% na rede pública.
Levantamento do Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos de Belo Horizonte (Sindibel) revelou que pelo menos 21 pessoas teriam morrido na capital desde o último sábado por falta de respiradores, duas delas ainda na fila de espera por um leito.
Pesquisa da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) mostrou também que 292 prefeituras de Minas Gerais admitiam o risco de desabastecimento iminente dos medicamentos do chamado "kit intubação" e 134, de ficarem sem oxigênio hospitalar ainda durante esta semana.
Recorde também na média de casos
O monitoramento baseado nos dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) mostra que o ritmo de expansão da doença em Minas Gerais também voltou a bater recorde, com em média 10.242 novos casos confirmados diariamente ao longo dos últimos sete dias.
Este índice representa um total de 71.695 pessoas diagnosticadas no período e um aumento de 37% na comparação com duas semanas atrás.
De acordo com o último boletim epidemiológico da SES-MG, Minas Gerais chegou a um total de 23.915 óbitos, 1.111.893 casos confirmados e 993.217 pacientes recuperados da Covid-19.
Veja mais detalhes e leia a metodologia abaixo:
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Entenda o gráfico
O Termômetro da Covid apresenta a evolução da média móvel de novos óbitos e casos confirmados nos últimos sete dias e tem como parâmetro de comparação os mesmos dados registrados há duas semanas.
Se a média dos últimos sete dias superar em mais de 15% o valor de duas semanas atrás, então a situação observada é de crescimento acelerado. No outro oposto, uma redução superior a 15% representa desaceleração. Se a variação for de até 15% para mais ou para menos, a média se encontra em um nível de estabilidade.
O uso da média móvel se justifica pela grande oscilação das notificações entre os diferentes dias da semana. Ela fica muito clara quando se observa a variação em feriados, fins de semana, segundas e terças-feiras, devido ao represamento dos testes nos laboratórios ou a atrasos nos registros pelas prefeituras, por exemplo. Desta forma, a média móvel mostra tendências mais consistentes do que os dados diários.
Já a janela de duas semanas para comparação se explica pelo tempo médio de ação do vírus e de demora seja no processamento de exames ou na divulgação dos resultados nos sistemas utilizados pelas prefeituras e pela Secretaria de Estado da Saúde (SES-MG).
Esta é a mesma metodologia utilizada, por exemplo, pelo jornal The New York Times.
Os dados são provenientes dos boletins epidemiológicos da SES-MG e referem-se aos municípios de residência dos pacientes. Isso explica eventuais números negativos, uma vez que os casos podem ser revisados ou "transferidos" de cidade.
Os registros são detalhados por município e agrupados por microrregião e macrorregião, conforme a organização do SUS (Sistema Único de Saúde). Essa definição é importante, pois leva em conta a estrutura da rede assistencial. Caso uma cidade tenha números baixos, isso não significa necessariamente uma situação confortável, pois a maioria dos municípios (91%) não possui leitos de alta complexidade (UTI) e precisa transferir os pacientes mais graves para os polos micro e macrorregionais.