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'Medo da morte', motorista de aplicativo fala de sequestro que sofreu em Sabará

Profissional contou a O Tempo como foram os momentos de tensão que viveu sob mira de armas

Por Bruno Menezes
Publicado em 11 de março de 2020 | 18:44
 
 
 
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Medo, tensão e o pressentimento de que poderia ser morto a qualquer momento. Essas foram algumas das sensações que um motorista de aplicativo de 28 anos, que atua na profissão há dois meses, disse ter sentido enquanto estava preso e amordaçado em um cativeiro.

O homem sofreu um sequestro relâmpago nessa terça-feira (11), após aceitar uma corrida de Ribeirão das Neves para Sabará, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Em entrevista a O Tempo, ele reconhece que teve sorte de sair vivo, após as torturas psicológicas feitas pelos suspeitos que a todo momento diziam que ele poderia morrer, se não conseguissem fazer o saque de todo o dinheiro que ele tinha na conta do banco.

“Falavam que iam dar um tiro na minha cabeça mesmo, iam me matar. Que iam jogar água em mim e depois me dar choque. Já estava pensando que chegou o meu momento de morrer. Tinha bastante roupa no cativeiro. Imaginei que bastante gente (vítima) já tinha passado por ali”, contou.

O sequestro foi anunciado pelos dois passageiros no destino final da corrida, no bairro Borges, em Sabará. Sob a mira de armas, o motorista foi obrigado a entrar no porta-malas do próprio carro e lá permanecer, até a chegada ao cativeiro.

“Rodaram comigo no carro. Eu não sabia onde estava. Entrar no porta-malas sem saber o que está acontecendo foi terrível. Pegaram os meus documentos e jogaram do meu lado. Pensei que iam me matar ali mesmo”, disse.

Ele conta que no cativeiro foi amarrado e constantemente ameaçado. “Me colocaram em um barracão, de bruços. Era um lugar bem sujo. Fiquei com pernas e braços amarrados, amordaçado. Pediram a minha senha de cartão, queriam saber se eu tinha mais dinheiro. Chegaram a me revistar”, conta.

A vítima relata que no cativeiro havia quatro suspeitos. Dois saíram para tentar sacar o dinheiro da conta dele em um caixa eletrônico, e outros dois continuaram de vigia no local. Segundo o motorista, os suspeitos não conseguiram sacar o dinheiro no primeiro caixa, e as ameaças a ele, no cativeiro, se intensificaram. “Me obrigaram a abrir o aplicativo de celular e mostrar que tinha dinheiro. Falaram com os outros, e eles foram para uma farmácia tentar sacar”, conta.

O crime foi descoberto porque militares flagraram os suspeitos em um caixa 24 horas, no momento em que eles tentavam sacar o dinheiro do motorista.

“Como eles são conhecidos da guarnição por passagens por roubos, homicídios e tráfico, foram abordados. Questionados sobre o dinheiro que seria sacado e o cartão de outra pessoa, confessaram o sequestro-relâmpago e nos levaram até o local (do cativeiro)”, contou o tenente Soares, do Grupo Especializado em Áreas de Risco (Gepar), da PM. 

A chegada da polícia foi um alívio para o motorista. “Foi um alívio muito grande quando a polícia chegou. Fiquei apreensivo até a polícia chegar. Só tranquilizei ao ver a farda”, comentou. 

O homem conta que, ao chegar à delegacia, a primeira coisa que fez foi ligar para casa, mas não contou à família o motivo real de estar na delegacia, para não assustá-los, apenas pediu que o buscassem. O pai, sem saber o que havia ocorrido, disse que iria até a delegacia buscá-lo. Entretanto, antes mesmo de sair de casa, viu a notícia do sequestro na televisão. Apesar de a reportagem não citar o nome do filho, o pai reconheceu a chave do carro dele na imagem, pelo chaveiro, o que o fez ir mais rápido para encontrar o jovem.

Agora com a família, o motorista diz ter renascido após o episódio e que deve voltar ao trabalho, mas vai descansar por alguns dias. “Eu renasci ontem. Quando os policiais falaram quem eram os caras, achei que renasci. Foi Deus mesmo. Vou esperar uns dias, dar um tempo para tentar esquecer um pouco isso, porque foi terrível, bem traumatizante mesmo. Mas, com o tempo, a gente esquece, e bola pra frente”, finalizou.

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