TEÓFILO OTONI " Terminou na madrugada de ontem, com a prisão de 41 pessoas, a megaoperação de combate ao narcotráfico e ao crime organizado realizada pela Polícia Civil, na cidade de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri.
Os detidos são acusados de delitos como tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, estelionato e homicídios. Cerca de cem policiais civis " de Belo Horizonte, Governador Valadares e Teófilo Otoni " atuaram na ação batizada de Êxodus.
De acordo com o delegado regional de Teófilo Otoni, Isaías Pontes de Melo, a operação começou a ser planejada em abril de 2006 e cumpriu seu principal objetivo: desarticular uma numerosa quadrilha de tráfico de drogas instalada em Teófilo Otoni e com atuação em várias cidades da região, além de Belo Horizonte, São Paulo e no sul da Bahia.
A investigação teve como base várias escutas telefônicas, além da quebra de sigilo bancário dos envolvidos. No total, foram 63 mandados de prisão expedidos pela Justiça.
Segundo o delegado, 19 das 41 prisões ocorreram no decorrer das duas últimas semanas. Entre elas está a de um dos cinco líderes do bando: Uander Rosse Pereira, 24, o ET, detido na cidade de Campanário há 15 dias.
De acordo com Melo, a Êxodus foi uma sequência de outra operação " chamada Gênesis " realizada pela Polícia Civil na cidade, em dezembro de 2005, quando outros 29 envolvidos com a quadrilha foram detidos, entre eles, Ângelo Gonçalves de Miranda Filho, apontado, na época, como principal articulador do grupo criminoso.
"A quadrilha vinha se reorganizando, mas felizmente conseguimos desarticulá-la novamente com essa operação. O ET era quem tinha assumida a condição de chefe do bando", explicou.
Na tarde de ontem, além de ET, um dos gerentes do bando, Marcos Antônio da Silva (o Marquinhos Baleia), e outros três presos durante a operação foram transferidos de avião para a Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Grande Belo Horizonte.
Além das prisões, a Polícia Civil apreendeu com o grupo vários celulares, duas balanças de precisão, três veículos e motos, pedras preciosas e drogas " 3,7 kg cocaína e 2,5 kg de maconha.
Segundo o delegado titular da divisão de Tóxicos e Entorpecentes de Teófilo Otoni, Jeferson Botelho, a quadrilha chegava a movimentar R$ 120 mil por semana com o tráfico de drogas.
Foragidos
Entre os outros quatro líderes do bando ainda foragidos está Felício Mariano da Cruz, o Bigode. Segundo o delegado Jeferson Botelho, fugindo da polícia, Cruz deixou Teófilo Otoni no ano passado e foi morar com a mulher e seus dois filhos em Peruíbe, na Baixada Santista.
Depois de trair a confiança da quadrilha, ele teve sua família assassinada a tiros, no último dia 15. As mortes, segundo a polícia, teriam sido cometidas por ET. Cruz conseguiu fugir da emboscada.
De acordo com o delegado, ao se mudar para São Paulo, Felício Mariano da Cruz foi acolhido por traficantes do PCC " facção criminosa daquele Estado " causando um atrito no grupo em Teófilo Otoni, principalmente porque não estaria mais adquirindo a droga com Sanderley Silva, o Gorducho, líder do bando mineiro que teria um laboratório de refino de cocaína em São Vicente (SP).
Outra liderança da quadrilha ainda procurada pela polícia é Anderson Ferreira Santos, 21, o Andinha. Ele seria o braço responsável pelo abastecimento de drogas comercializadas pela quadrilha em Belo Horizonte, principalmente na Pedreira Prado Lopes e no Cafezal.
O repórter viajou a convite do Estado