Após as manifestações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Minas Gerais que vem acontecendo desde segunda-feira (28), militantes que estão acampados na Praça da Assembleia Legislativa invadiram a sede do Ministério da Agricultura, na avenida Raja Gabáglia, no bairro Santo Agostinho, na região Centro-Sul de Belo Horizonte.
Segundo as informações de funcionários do ministério, cerca de 50 integrantes do movimento invadiram por volta das 11h o hall do pátio. Representantes já se reuniram com os manifestantes para ouvir suas reivindicações, entretanto, não foi repassado o teor do diálogo para a imprensa.
Apesar do movimento ser pacífico, o superintendente do Ministério da Agricultura na capital decidiu por liberar todos os servidores por medida de segurança. Ainda segundo um segurança do local, que preferiu não ser identificado, os manifestantes não deixam ninguém mais entrar no prédio.
"Eles estão deixando sair normalmente, mas ninguém entra mais. O problema é que nós, seguranças, estamos presos dentro da guarita", explicou o funcionário do local.
Entenda
Na última segunda-feira o MST iniciou um protesto que manteve as cancelas de um pedágio da BR-381, em Santo Antonio do Amparo, no Sul do Estado, abertas por 24 horas. Após receberem um posicionamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), eles decidiram acabar com o protesto e seguiram em direção à capital.
Desde ontem, cerca de 500 trabalhadores rurais estão acampados na Praça da Assembleia para o 5˚ Encontro dos Movimentos Sociais de MG, que acontecerá entre os dias 1 e 3 de maio. No fim da tarde desta terça-feira (29), representantes do MST fizeram um encontro na superintendência do Incra/MG.
Foram apresentadas as reivindicações relativas à áreas do Vale do Rio Doce e do Mucuri, que são as regiões com maior número de acampados no estado. O MST teria questionado pela desapropriação das fazendas São Roque, em Teófilo Otoni; Monjardim, em Matias Lobato; Nova Alegria, em Felisburgo; além da regularização do assentamento Itamunhec, também em Teófilo Otoni.
Por meio de uma nota, o Incra afirmou que a situação da fazenda São Roque já teve ação de desapropriação ajuizada, mas um questionamento do proprietário impede o julgamento da ação. Na ação referente à fazenda Monjardim, o Incra aguarda emissão de posse a ser concedida pela justiça.
Já com relação ao assentamento Itamunhec, em razão da existência de posseiros, anteriores à criação do assentamento, em 2007, os manifestantes pedem a regularização dominial. O Incra já havia enviado uma equipe, na semana passada com esse objetivo, que já está realizando o serviço.
Na fazenda Nova Alegria, o presidente do Incra pediu ao governo do estado a demarcação de área devoluta para doação à autarquia e criação de assentamento. Este imóvel foi palco da chacina de Felisburgo, há 10 anos, quando quatro trabalhadores rurais foram executados. Os pistoleiros e o mandante do crime foram condenados pelo Tribunal do Júri da Capital.
Os membros do MST reivindicam, ainda, o cadastramento das famílias que estão na fazenda. Como as famílias estão presentes em Belo Horizonte, o superintendente se comprometeu a realizar o cadastro imediatamente.