Metade dos transplantados vive mais de 5 anos

A cada dez transplantados de pulmão, cinco têm sobrevida de, no mínimo, cinco anos, de acordo com o cirurgião torácico Silvio Paulo Pereira.

"A ciência médica tem que pensar que tudo que dê conforto e aumente a vida com dignidade é válido. Aparentemente, o resultado de 50% de sobrevida em cinco anos não é excelente. Mas é preciso lembrar que todas essas pessoas estariam mortas em menos de 18 meses se não se submetessem ao transplante. Aqueles que sobrevivem mais de cinco anos provavelmente não morrerão por causa de problemas no pulmão", argumentou.

De acordo com Pereira, um dos fatores que reduz a sobrevida são os imunossupressores " medicamentos que ajudam a evitar a rejeição ao órgão. O medicamento faz com que os pacientes fiquem sujeitos às infecções.

"Esses remédios deprimem o sistema imunológico, favorecendo as infecções. Entre os transplantados de todos os órgãos, quando há complicações infecciosas no pós-operatório, a imensa maioria dos casos é de infecção no pulmão, mesmo que não tenha sido esse o órgão transplantado", disse.

O cirurgião Rogério Coutinho Lopes, que também faz parte do grupo de especialistas em transplante de pulmão do HC, ressaltou que os maiores desafios da ciência são dominar o processo de rejeição em transplantes e combater a infecção. "A partir desse momento, haverá um aumento do tempo de vida dos pacientes", afirmou.

Disseminação
Pereira defendeu uma maior conscientização dos médicos quanto ao transplante.

"Para que o transplante de pulmão seja mais difundido, é preciso que haja a consciência sobretudo dos pneumologistas, pois não há uma cultura da cirurgia em nosso meio. Muitos pacientes que poderiam ser candidatos nem ficam sabendo que existe o serviço", ressaltou.