Tecnologia

Monitoramento de dados celulares aponta menor isolamento no interior mineiro

Pesquisa da UFMG revela que quebra da quarentena fez ritmo da pandemia crescer nas cidades do Estado

Por Da Redação
Publicado em 12 de julho de 2020 | 03:00
 
 
 
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Um levantamento realizado com base nos dados de telefones celulares revelou que o isolamento social nas cidades do interior mineiro é cada vez menor. E como reflexo, o ritmo de crescimento dos casos confirmados de coronavírus cresceu, aponta pesquisa do Observatório Social da Covid-19 da UFMG, em parceria com o grupo isola.ai, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

A implementação do estudo só foi possível por conta de uma tecnologia desenvolvida pela empresa In Loco, que usa o sistema de geolocalização dos aplicativos nos celulares. Com isso, é possível mensurar a variação do número de pessoas que saíram de suas casas. A base de dados tem informações anônimas da movimentação de 60 milhões de aparelhos em todo o país.

Interiorização da pandemia

Conforme o professor Marden Campos, do Departamento de Sociologia da UFMG, um dos pesquisadores do estudo, Minas Gerais tem uma situação diferente dos demais Estado do país frente à pandemia: a maioria dos casos não está concentrada na região metropolitana de Belo Horizonte, mas no interior. 

Para ilustrar esse panorama, o especialista cita a situação de Manhuaçu, na Zona da Mata. No dia 6 de junho, a cidade tinha 26 casos positivos da doença, índice que subiu 326 no boletim divulgado neste sábado (11) pela Secretaria de Estado de Saúde – um aumento de 1.153%. “O município representa bem a fase atual da disseminação da doença no Brasil, marcada pela interiorização”, declarou.

Os dados da geolocalização dos aparelhos celulares na cidade, que tem 90 mil habitantes, mostram que a adesão ao isolamento social está na casa dos 35% – no fim de março, o índice era superior a 50%. “As cidades que não têm conseguido manter as pessoas em casa devem se preparar para uma disseminação rápida do vírus em suas populações”, enfatiza o pesquisador.

Cidades exemplo

Na outra ponta, estão cidades do interior consideradas exemplo pelo estudo, como Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, Ouro Preto, na região Central, e Barbacena, no Campo das Vertentes. Segundo o levantamento, os melhores índices de isolamento social foram alcançados entre os dias 18 e 31 de maio. E essas cidades contabilizam entre dois e cinco óbitos da doença.

A capital, que abriga 52% da população mineira, também é considerada um bom exemplo, já que possui 40% dos casos da Covid-19. "É quase certo que as medidas de isolamento social foram implementadas na capital antes que a doença se espalhasse. E vários municípios do estado não promoveram o isolamento social ou não foram bem-sucedidos, e os casos estão disparando”, explica. 

Já Uberlândia, no Triângulo Mineiro, tem 110 óbitos e Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, contabiliza 46. Ao longo da pandemia, elas tiveram baixos índices de isolamento social. Todos os dados do estudo abragem o período entre 1ª de fevereiro e 29 de junho.

 

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