Seis dias depois

Moradores de Sabará calculam prejuízo da 'maior enchente' da cidade

No centro, moradores da beira do rio Sabará tiveram perda total de pertences

Por Mariana Nogueira
Publicado em 30 de janeiro de 2020 | 10:22
 
 
 
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Seis dias após o forte temporal que atingiu a região metropolitana de Belo Horizonte, moradores de Sabará ainda tentam calcular nesta quinta-feira (30) os prejuízos da que consideram ter sido “a maior enchente da história da cidade”. No centro, moradores da beira do rio Sabará tiveram perda total de pertences. 

O funcionário público Sidnei Lúcio da Costa, de 60 anos, viu a água entrar na sua casa, na casa da mãe e na da irmã, com quem divide o terreno. Volume chegou a dois metros em menos de 30 minutos.

“Na parte da tarde o rio começou a subir um pouco e a gente não pensava de ele chegar aqui. Fomos monitorando um tempão. Umas 20h ele começou a chegar na rua. A gente tentou entrar para a casa para subir as coisas, mas não teve jeito. Deu medo, revolta, tristeza. Tivemos que sair. Aqui não sobrou nada, perdemos tudo. Vamos ter que começar do zero. Só Deus sabe”, contou. 

Costa, que mora desde que nasceu na casa a beira do rio, conta que nunca viu nada parecido.

“Essa foi demais, né? Em 1997 aconteceu isso também, mas não do jeito que foi aqui. Essa foi bem pior. Nunca imaginei que aconteceria de novo. A gente não espera isso mais, não. E agora a gente está vendo que pode acontecer mais para a frente. Temos que ver o que fazer, construir mais em cima, porque em dezembro ou janeiro temos que sair de casa. Não dá para ficar”, afirmou. 

Vizinho de Sidnei, o pedreiro Davi Moura, 59, perdeu todo o maquinário e materiais de construção que tinha em casa.

Ele, a mulher e os três filhos tiveram todos os pertences tomados pela lama.

“Estamos tentando recuperar. A casa está praticamente destruída. Eu tinha iniciado a reforma na casa e perdi tudo. Tudo o que tinha ficou dentro de água. Estamos dormindo na casa de alguns conhecidos. Minha esposa é costureira, estava com material de fantasia que ela estava fazendo para o carnaval, e perdeu tudo. Fala-se de estar vivo, mas para a gente viver, tem que ter condições. Se você não tem condições porque perdeu tudo, fica muito difícil”, lamentou. 

Para Costa, lama apresenta sinais de minérios. “Eu acredito que a chuva não faria esse estrago todo, a gente vê que tem rejeitos. Já choveu muito mais aqui e não ficou assim. Quando a gente lava, fica aquele pó cinza, fora o cheiro. E pelo tempo que aconteceu já era para ter secado, mas ela não seca, parece uma cola”, afirmou. 

Morador do centro há 40 anos, o marceneiro Geraldo Batista, 69, perdeu todos os equipamentos da sua oficina e parte dos bens da casa.

“Veio de repente e saiu derrubando tudo que tem aqui. Arrebentou meu portão, muro, meus móveis que era só para entregar. Catástrofe total. Tudo estragou. Nunca vi nada desse tipo. Já teve as enchentes fortes, mas quando o rio encheu, foi mais tranquilo. Essa agora bagunçou tudo”, afirmou.

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