Nesta manhã

Motoristas de transporte escolar fazem protesto em Belo Horizonte

Categoria alega que não recebe apoio do Estado desde o início da pandemia, quando parou de rodar

Por Carolina Caetano
Publicado em 11 de agosto de 2020 | 09:09
 
 
 
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Motoristas do transporte escolar fizeram um protesto  na manhã desta terça-feira (11) e pedem apoio do governo de Minas neste tempo de pandemia do coronavírus. A concentração foi  próximo ao Mineirão, na região da Pampulha, em Belo Horizonte, e reuniu, de acordo com a organização, aproximadamente 1.500 veículos, entre vans e micro-ônibus. 

“Foi aprovada a lei que regulamenta o auxílio emergencial, foi sancionada pelo governador Romeu Zema, e, até o presente momento, nós não recebemos apoio. Nós temos mais de 20 mil famílias que dependem do transporte escolar e há cinco meses não recebem salário. Alguns receberam uma cesta básica em uma situação extremamente grave”, explicou o presidente do Sindicato dos Transportes Escolares (Sintesc), Carlos Eduardo Campos. 

Segundo ele, devido à situação, alguns motoristas entraram em depressão. O ato, ainda conforme o presidente da entidade, teria mais adesão, mas alguns motoristas não têm condições de abastecer as vans e micro-ônibus. Alguns veículos estão com mandado de busca e apreensão, o que faz com que os proprietários também tenham medo de sair de suas casas. 

“Queremos que o governo do Estado tire os tampões dos ouvidos, ouça a nossa pauta de reivindicação. Se ele não tem recursos para pagar, que libere empréstimos pelo BDMG. Nós não estamos pedindo esmola de ninguém, queremos sobreviver. O transporte escolar não volta este ano, nós fomos os primeiros a parar e seremos os últimos a voltar. Precisam fazer alguma coisa. Se a gente não conseguir o empréstimo, o governo que autorize essa frota a rodar no transporte público. Os ônibus estão andando lotados”, desabafou. 

Rota

Após a saída perto do Mineirão, da avenida Coronel Oscar Paschoal, os manifestantes seguiram pelas  avenidas Antônio Carlos e Pedro I até a Linha Verde. Batedores da Polícia Militar acompanharam o ato. 

Já na Cidade Administrativa, a categoria foi autorizada a dar uma volta no entorno dos prédios e, posteriormente, seguiu para o bairro Serra Verde.

Às 11h30, representantes do grupo tiveram a confirmação de que haveria um encontro com uma equipe do governo de Minas.

Recursos

Em entrevista ao Super N, na manhã desta terça-feira, o secretário-adjunto de Desenvolvimento Econômico de Minas, Fernando Passalio, comentou sobre os empréstimos do BDMG para quem tem Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ).

"O BDMG empresta recursos para quem tem CNPJ. É um banco de desenvolvimento e, portanto, ele tem essa amarra de emprestar recursos para empresas, prefeituras e órgãos públicos. Por isso, é importante a gente salientar a necessidade de formalização. De qualquer forma, os representantes deles serão muito bem recebidos quando chegarem aqui e nós vamos tentar construir a várias mãos a solução necessária para podermos minimizar o impacto para a categoria", explicou.

Reunião com o governo

Em nota, a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra) informou que "os representantes dos trabalhadores do transporte escolar foram recebidos, nesta terça-feira (11). Os pleitos foram recebidos e serão analisados. Em relação às reivindicações, foi informada a "necessidade de avaliação do impacto financeiro por parte da administração estadual". 

Resposta da BHTrans 

Já com relação à reivindicação da categoria complementar o transporte público em caráter excepcional em Belo Horizonte, a BHTrans descartou essa possibilidade. "Não é possível, já que há contratos específicos para cada modalidade de transporte público", respondeu, em nota oficial enviada nesta terça-feira. 

Sobre a declaração do presidente do Sintesc da superlotação dos ônibus, o órgão de trânsito esclareceu que monitora e fiscaliza, diariamente, a demanda de passageiros e as viagens em todas as estações de ônibus da capital e em pontos de observação nos itinerários. "O monitoramento acontece 24 horas por dia, presencialmente, e por meio das câmeras do centro de controle e são feitos os ajustes necessários com a requisição de viagens extras a serem realizadas com os veículos ja inseridos no transporte coletivo por ônibus. Por isso, não há necessidade de alocar outros veículos" ressaltou em outro trecho da nota. 

De acordo com a empresa, na última quinta-feira (6), quando houve o processo de retomada do comércio na capital mineira, foi registrado um aumento de 53 mil passageiros no transporte público de Belo Horizonte,  o que significa uma elevação de 11,2% em comparação ao mesmo dia da semana anterior. 

A ampliação da demanda ocorreu principalmente nas faixas fora do horário de pico, com novos 38 mil passageiros. 

Para atender esse aumento de demanda na nova fase da capital, as viagens foram ampliadas em 11%, com 1.440 novas viagens, o que manteve a média de 36 passageiros transportados como registrado na quinta-feira anterior. 

Multas

Ainda conforme a BHTrans, desde o início do isolamento social, no dia 17 de março até a última sexta-feira, foram aplicadas "9.218 autuações aos consórcios por descumprimento das diretrizes estabelecidas". 

O valor de autuação é de R$ 539,50.

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