Na porta da prefeitura

Movimentos sociais protestam contra instalação de pedras sob viadutos de BH

Segundo a PBH, objetivo é coibir a queima de fios furtados para a extração de cobre; críticos, no entanto, argumentam que a medida visa afastar moradores de rua

Por Letícia Fontes
Publicado em 03 de setembro de 2019 | 11:00
 
 
 
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Movimentos sociais protestam, nesta terça-feira (3), na porta da prefeitura de Belo Horizonte, no centro da capital, contra a instalação de pedras embaixo de viadutos no Complexo da Lagoinha, na região Leste de Belo Horizonte.

Segundo a PBH, o local vem recebendo a instalação de pedregulhos com o objetivo de coibir a queima de fios furtados para a extração de cobre. Críticos, no entanto, argumentam que a medida visa a evitar que moradores em situação de rua permaneçam debaixo dos viadutos.

De acordo com Samuel Rodrigues, membro do Movimento Nacional da População de Rua, atualmente, Belo Horizonte possui mais de 8.000 pessoas em situação de rua.

“Debaixo do viaduto não é local para as pessoas morarem, mas trabalhar uma questão dessas assim é ridículo. Você preserva a vida e exclui a vida? Foi uma decisão unilateral, sem diálogo”, destacou. 

Nas últimas semanas, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) defendeu a implantação dos pedregulhos embaixo de viadutos do Complexo da Lagoinha, na região Leste de Belo Horizonte.

Segundo o prefeito, o assunto foi tratado pelo Departamento de Obras da prefeitura e não foi avaliado pela Secretaria Municipal de Assistência Social.

Mas ele admitiu que o fato de pessoas atearem fogo em objetos debaixo dos viadutos preocupa, porque isso pode comprometer as estruturas dos elevados.

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“Quando um viaduto daquele cair na cabeça (de alguém), em um monte de carros, porque bandidos colocam fogo na estrutura dos viadutos, alguém vai ser responsabilizado. Agora, pelo amor de Deus, gente, (se) proteger a estrutura de viaduto virou crime social, então esse povo está doido”, afirmou Kalil na época. 

De acordo com a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), a intervenção faz parte das obras no Boulevard Arrudas, no trecho que compreende a avenida do Contorno, entre as ruas Vinte e Um de Abril e Rio de Janeiro, e o viaduto Leste, no Complexo da Lagoinha.

Estão sendo investidos R$ 5,7 milhões em obras de revitalização no trecho como, por exemplo, urbanização, paisagismo, irrigação e iluminação. Segundo a pasta, não há previsão de início de obras de urbanização em outros viadutos.

"Frase de efeito"

Para o vereador Pedro Patrus (PT), as justificativas da prefeitura para a instalação de pedras debaixo dos viadutos não passa de "frase de efeito".

“São falas de efeito que o prefeito gosta de fazer, não é a população em situação de rua que coloca fogo em fio. São bandidos que roubam e colocam fogo. Não são pedras que vão impedir esse tipo de fogo. Não é o fogo da latinha da população em situação de rua, que está esquentando sua comida, que vai derrubar viaduto. Não somos a favor de colocar fogo debaixo do viaduto, mas há outras formas de impedir este tipo de ação. São políticas contra o ser humano”, avaliou. 

Na próxima quinta-feira (5), está marcada uma audiência pública na Câmara Municipal para debater a fixação de pedras nos elevados. Além dos movimentos sociais, foram convidados representantes da prefeitura.

Leia a nota da prefeitura na íntegra:

"Esclarecemos que as intervenções no complexo da Lagoinha contemplam um tratamento urbanístico que inclui outras intervenções que não se restringem apenas à "colocação de pedras".

A Prefeitura informa, por meio da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap, que está executando obras no Boulevard Arrudas, no trecho que compreende a avenida do Contorno entre as ruas Vinte e Um de Abril e Rio de Janeiro e também o complexo viário formado pelas alças Leste (parte nova concluída em julho de 2018) e Oeste (parte antiga, também chamada de Nansen Araújo) do Complexo da Lagoinha.  Estão sendo feitos serviços de urbanização, paisagismo, irrigação e iluminação. Os trabalhos iniciaram em abril de 2019, com previsão de término para o final do ano. O investimento total é de aproximadamente R$ 5,7 milhões.

Escopo detalhado: Tratamento urbanístico na área de abrangência do canal do ribeirão Arrudas tamponado; realocação e/ou substituição de postes de iluminação pública em virtude de ajustes de algumas calçadas; implantação de canteiros permeáveis; readequação do mobiliário urbano; criação de percursos ajardinados e passeios confortáveis e acessíveis para circulação de pedestres, fornecendo estrutura para instalações de bancos; colocação lixeiras e equipamentos de ginástica; plantio de árvores; implantação de sistema de irrigação; execução de pista de skate (área sob o viaduto da nova alça do viaduto); execução de quadras, arquibancadas e vestiário de apoio (área sob o viaduto Leste).

No momento, não há programação de início de obras de tratamento urbanístico e paisagismo nos baixios de outros viadutos."

Texto atualizado às 12h26

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