Após a chuva que atingiu Minas Gerais, famílias que vivem na Vila Bernadete, na região do Barreiro, em Belo Horizonte, já pensam em não voltar mais para suas residências. Na comunidade, sete pessoas - de duas famílias - morreram soterradas. Nesta segunda-feira (27), os corpos começaram a ser sepultados na capital.
A técnica em enfermagem Regiane Valeriana, de 40 anos, tinha acabado de chegar em casa do trabalho, na última sexta-feira (24), quando os barrancos na rua Doze comecaçaram a ceder. "Vi uma cena de terror. Tinha acabado de chegar do serviço e estava uma chuva muito forte. Cheguei e deu tempo só de sair de casa com meu marido, com a roupa do corpo, meus filhos não estavam aqui", contou.
O último corpo foi retirado da vila nesse domingo (26). No entanto, parte da rua ainda está isolada com fitas zebradas e uma viatura da Polícia Militar também está na área para evitar que moradores ultrapassem o cordão de isolamento.
"A gente sobe lá só para pegar algumas coisas só com alguém da Defesa Civil. Em algumas casas, eles falaram que as pessoas podem voltar, mas, se chover, tem que sair. Mas ninguém vai se arriscar. Lá não tem luz, não tem água. Aqui está todo mundo unido, mas desolado. A gente não sabe se quer ficar mais aqui. Muitas pessoas não querem ficar mais na vila Bernadete. A gente não sabe mais como vai recomeçar", afirmou.
Sobrevivente
Membros de duas famílias morreram durante a tragédia. Em uma delas: mãe e três filhos. Na outra: um homem, a companheira dele e o filho do casal, uma criança de apenas 3 anos. Uma quarta pessoa, uma menina de 7 anos, estava na casa e foi resgatada. Ela perdeu a mãe, o irmão e o padrasto.
"Fiquei sabendo que na hora que aconteceu isso tudo conseguiram puxá-la. Ela chegou a ser levada para o hospital. A gente pensa nas famílias que foram embora, tantos sonhos. Olhar lá para cima e ver que não tem mais ninguém é muito difícil. Esse vazio de hoje, com perdas de famílias, jamais vai ser preenchido outra vez", finalizou.