Injúria Racial

Mulher é presa após chamar porteiro de 'macaco' e 'fedorento' em Contagem

As ofensas foram feitas após defeito no interfone do condomínio; ela negou ser racista e justificou dizendo ser fã do jogador Sassá, do Cruzeiro

Por Franco Malheiro
Publicado em 25 de dezembro de 2019 | 09:05
 
 
 
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Um porteiro passou parte da noite de Natal na delegacia prestando esclarecimentos depois de ser chamado de “macaco", "safado" e "fedorento” por uma moradora do prédio onde trabalha, no bairro Santa Maria, em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte. A agressão teria ocorrido após um defeito no interfone do prédio. A mulher, de 31 anos, foi presa em flagrante por injúria racial. Nesta quarta-feira (25), ela pagou fiança e foi liberada.

A Polícia Militar foi chamada ao condomínio por volta das 18h desta terça-feira (24), por causa da confusão. O porteiro, Gilson Vitalino, de 43 anos,  contou que o interfone não estava funcionando e, por orientação do síndico, todos os moradores deveriam ir à portaria para liberar a entrada de visitas para esta noite de Natal.

Quando a mãe de mulher chegou, o porteiro seguiu a orientação e pediu que a senhora ligasse para a filha, pedindo para que ela descesse. Por telefone, segundo o porteiro, a mulher o xingou com vários palavrões porque ela mora em um bloco longe da portaria, mas acabou descendo. A mulher afirmou que receberia dez pessoas naquela noite e seria um "absurdo" ela ter que descer para todos os convidados. 

Ao chegar a portaria, a mulher continuou a xingar o porteiro e chegou a chamá-lo de "macaco", "safado" e "fedorento". Testemunhas viram a agressão e chamaram a polícia.

"Expliquei para ela que estava apenas seguindo a orientação que me foi dada e que assim como ela, todo mundo do prédio teria que fazer o mesmo e que não poderia passar por cima de uma determinação do sídico apenas para atende-la", explicou o porteiro em conversa com a reportagem. 

Gilson ainda relatou que a suspeita teria dito que por pagar o condomínio não poderia passar pela situação e saiu xingando o prédio e a ele. 

Gilson lamentou muito o ocorrido e disse que tem 10 anos de profissão e que nunca havia passado por algo semelhante. 

"Faltava 1h para eu encerrar meu plantão e acabei perdendo boa parte da noite de Natal na delegacia por causa dessa situação pela qual nunca havia passado. É muito triste que as pessoas ainda acham que podem ofender as outras dessa formal. Me senti humilhado e muito desvalorizado, sabe. Fiquei bastante chateado com tudo isso", lamentou. 

Suspeita negou ser racista

A mulher negou ter ofendido o porteiro e disse que ela se estressou com o ocorrido. Ela afirmou que disse palavrões sem direcionar a ninguém e disse que ele pode ter se confundido. A mulher disse ainda que não tem preconceito contra ninguém e que "até gosta de pessoas negras". Ela afirmou que seu atual padastro é negro e que tem boa convivência com ele. Além disso, a mulher alegou ser fã do jogador Sassá, do Cruzeiro. 

Todos foram levados para a Delegacia de Plantão (Deplan) de Contagem para prestarem esclarecimentos. Segundo a Polícia Civil, a mulher foi presa por injúria racial, mas pagou fiança e foi liberada.

A reportagem procurou pela suspeita para dar seu posicionamento a respeito do ocorrido, mas até o momento da publicação desta matéria ela não tinha atendido aos telefonemas. 

Atualizada às 14h25. 

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