De cada quatro pessoas – entre motoristas, passageiros e pedestres – que precisaram recorrer ao seguro Dpvat em Minas, apenas uma é mulher. Os números estão em um levantamento da Seguradora Líder, responsável por administrar o pagamento em caso de acidentes de trânsito. No Brasil, quando se restringe as indenizações pagas apenas a motoristas, a diferença é ainda maior: só 15% são do sexo feminino. Apenas no ano passado, foram pagas 328 mil indenizações no país.
Entre as pessoas que mais se acidentam no Brasil estão as que têm de 25 a 34 anos, que representam 26,5% das vítimas. Na sequência estão aquelas com idade entre 45 e 64 anos.
“Sabemos que, além de serem mais cautelosas, as mulheres também estão mais atentas às normas de segurança”, afirma Arthur Froes, superintendente de operações da Seguradora Líder. Segundo ele, a maternidade também pode influenciar o comportamento feminino no trânsito. “Geralmente, quando elas são mães, o cuidado aumenta, principalmente quanto ao uso da cadeira infantil e do cinto de segurança”, destaca.
Preconceito
Embora os números comprovem que as mulheres se envolvem em menos colisões, a auxiliar de serviços gerais Fernanda Dornas Amorim, 38, diz que o preconceito contra as motoristas ainda é grande: “O homem fecha a gente e ainda acha ruim. Perguntam onde a gente tirou carteira, onde a gente aprendeu (a dirigir). Já fui xingada muitas vezes”, relata Fernanda, que dirige há sete anos. Apesar das críticas, ela diz não se intimidar e faz questão de assumir a direção, mesmo quando está com o marido.
Bom comportamento é sinônimo de economia
Cautela, atenção e prudência: para homens ouvidos pela reportagem de O TEMPO, são essas características que ajudam as mulheres a não se envolverem em tantos acidentes quanto os motoristas do sexo masculino. “Os homens são mais machões, acham que mulher é (sinônimo de) direção perigosa, mas não é”, comenta o taxista Valter Belmiro de Resente, 53.
Motorista profissional há mais de 20 anos, José Carlos Pereira concorda. “A mulher é mais atenciosa e tem mais educação no trânsito”, diz.
A cautela ao volante também é sinônimo de economia para elas, diz Geraldo Pereira, do Sindicato das Seguradoras. “Quando o condutor é do sexo feminino, a tendência é o seguro ficar mais barato”, garante.
João XXIII
Atendimentos. No último ano, 7.712 vítimas de acidentes de trânsito deram entrada no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, em BH. Do total, 5.401 (70%) eram homens.