Os 57 animais resgatados em áreas de risco e na lama de rejeitos após o rompimento da barragem I, da mina de Córrego de Feijão, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, serão expostos em um mural de fotos para que sejam identificados pelos donos ou, quando isso não for possível, encaminhados para adoção. Enquanto isso, parte dos bichos está sendo cuidada em um hospital de campanha criado pela Vale em uma fazenda alugada na comunidade de Pedra Lisa, na zona rural da cidade. Há, ainda, outros dois locais de acolhimento no município.

“Existem animais que perderam seus donos e animais que estão em estado geral bom, mas estão atordoados. Eles tomam banho, são medicados, recebem antiparasitários, já foram rodados exames laboratoriais aqui e todos estão sendo controlados”, explicou a médica veterinária Mirella Lauria, responsável pela implantação do hospital de campanha. “Posteriormente, vamos tirar fotos e fazer um mural para os donos identificarem os animais. Aqueles que não forem identificados ou perderam seus tutores vão ser todos triados e reabilitados para posterior adoção”, completou. 

Mais de 40 funcionários contratados pela mineradora e cerca de 50 voluntários se revezam no tratamento de cães, gatos, pássaros, suínos e bovinos na fazenda. Um dos pacientes é o Resistente, boi resgatado em Córrego de Feijão na última terça-feira (29) após horas de tentativas. Segundo Mirella, todos os animais da fazenda já estão estabilizados. “O animal mais grave que a gente recebeu foi uma cadela proveniente de residência que estava com processo infeccioso, necessitou de transfusão e agora ela está estável”, contou Mirella. 

A fazenda onde foi instalado o hospital de campanha foi alugada pela Vale por seis meses e fica fora da área de risco. O local tem uma espécie de farmácia, com medicamentos doados por voluntários, espaços separados para os bichos e um ônibus para cirurgias emergenciais. “Permanecer preso na lama é traumático para qualquer indivíduo”, pontuou a médica veterinária, ressaltando a importância de que as pessoas não façam resgates por conta própria.

Os resgates estão sendo planejadas pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais, que enviou um grupo de voluntários para Brumadinho. Eles estão mapeando, por meio de aeronaves, as áreas onde estão animais de grande porte. Os pequenos, geralmente, são resgatados no entorno das áreas atingidas. “Os resgates aéreos demoram seis, sete horas para acontecer, é uma operação extremamente completa, e, enquanto eles não são viabilizados, os animais são alimentados”, explicou a médica veterinária membro da Comissão de Desastres do Conselho, Laiza Gomes. Segundo ela, até o momento, três animais foram eutanasiados: dois bovinos e um equino. “O critério é o bem estar animal, preservando a qualidade de vida e respeitando as características mentais, físicas e naturais”, afirmou. 

A voluntária Débora Lopes, de 27 anos, da ONG Arca da Fé, veio de Bauru, no interior de São Paulo, para ajudar a cuidar dos animais resgatados em Brumadinho, com outros oito colegas. “Viemos trazer nossa experiência para que possamos ajudar e aprender muito. Os animais chegam muito estressados, eles sofreram muito com a tragédia, ficaram perdidos, e para nós é muito gratificante ajudar”, contou.