Chá com Cartas

Na era da mensagem instantânea, ator distribui cartas por BH de bike

Vestido de carteiro e com bicicletas a estilo das décadas passadas, Brant relembra as pessoas que a comunicação vai além da internet

Por Natália Oliveira
Publicado em 18 de dezembro de 2015 | 10:41
 
 
 
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Quase doze horas sem WhatsApp foram suficientes para que milhões de brasileiros ficassem desesperados.  Prova suficiente que já há alguns anos as mensagens instantâneas se tornaram a principal forma de comunicação entre os brasileiros que parecem ter se esquecido de outras formas de relacionamento. Em meio a esse contexto tão digital, o ator e publicitário Ramon Brant, passeia por Belo Horizonte resgatando um velho hábito de comunicação: escrever e entregar cartas.

Vestido de carteiro e com bicicletas a estilo das décadas passadas, Brant relembra as pessoas que a comunicação vai além da internet. “Eu sempre gostei de escrever muitas cartas, mas em 2011 e 2012, com a internet eu dei uma parada por que deixou de fazer sentido. Isso aconteceu até eu receber uma carta de uma amiga que dizia: ‘A saudade é amor que fica’. A carta mexeu tanto comigo que eu quis que as pessoas sentissem aquilo que eu estava sentindo”, conta o ator.

Foi a partir de então que ele deu início ao projeto Chá com Cartas em que ele começou a incentivar os amigos a escreverem cartas e ele mesmo começou a escrita e entrega das correspondências. “Faço intervenções pela cidade, as vezes escrevo cartas anônimas e entrego nas residências, deixo em praças ou no ônibus, outras vezes eu deixou um envelope nas casas sugerindo as pessoas que escrevam correspondências e depois volto para buscar e outras vezes eu paro em lugares públicos e me ofereço para escrever cartas para as pessoas”, explica.

No próximo dia 22, pouco antes do Natal, Brant vai realizar uma intervenção na praça Sete, região Centrio-Sul da capital, a estilo do filme “Central do Brasil”, com duas cadeiras, uma mesa e uma placa com a frase “escrevo cartas grátis”. Assim como a personagem de Fernanda Montenegro, no longa-metragem, ele vai ajudar as pessoas a escreverem cartas para amigos e familiares.

O projeto é realizado junto com a amiga teve início Bárbara Toffanetto há três anos e há dois meses recebeu uma verba da Lei Municipal de Incentivo a Cultura. “Eu vejo escrever catas como um gesto de muito carinho, por que você acaba reservando um tempo para pensar naquela pessoa e se dedica a escrever algo para ela. É diferente da tecnologia onde é tudo muito instantâneo. Além disso, o mundo digital aproxima pessoas que estão distantes e ao mesmo tempo afasta quem está perto. Muitas vezes falamos com quem está em outro Estado, mas não conversamos com que esta no quarto ao lado”, considera Brant.

Sem whatsapp, de volta às cartas

Desde o momento em que ficaram sabendo que ficariam sem WhatsApp, muitos internautas postaram fotos de revolta e vários memes nas redes sociais. Brant recebeu várias mensagens de amigos dizendo que as cartas iam voltar a serem escritas sem a rede social. “Foi muito engraçado porque muita gente brincou que as cartas voltariam a serem escritas. Eu achei ótimo porque estamos tão presos ao celular que uns dias sem WhatsApp até fazem bem para dar uma desacelerada no cotidiano e uma respirada”, conclui o ator.

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