Procedimentos estéticos

O que se sabe sobre a micobactéria que causou infecções após cirurgias em BH?

Pelo menos oito mulheres tiveram diagnósticos de infecções após cirurgias plásticas em clínica da capita; secretarias de saúde monitoram 16 casos na cidade

Por Aline Diniz e Rayllan Oliveira
Publicado em 29 de março de 2024 | 18:45
 
 
 
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Um surto da Micobactéria de Crescimento Rápido (MCR) é a causa de infecções em pelo menos oito mulheres que realizaram procedimentos estéticos em uma clínica em Belo Horizonte. Os casos são acompanhados pelas secretarias municipal e estadual de Saúde, que afirmam ter recebido 16 notificações de infecções causadas por essa bactéria na capital mineira. O cenário, conforme as pastas, é considerado um surto — que ocorre quando há o aumento repentino de uma doença em uma região específica.

A reportagem de O TEMPO conversou com o médico Adelino Melo, que é presidente da Sociedade Mineira de Infectologia. De acordo com o especialista, esse microrganismo pode ser encontrado em diversos espaços, tais como casas, hospitais, clínicas, entre outros. Porém, segundo o infectologista, essas micobatérias possuem dificuldade de contato com o organismo humano. O que pode ser facilitado por meio de um procedimento cirúrgico, como exemplifica o médico.

  • O que é a micobatéria?

De acordo com o médico Adelino Melo, essa é uma bactéria com características específicas. "Embora seja da mesma família das bactérias causadoras da tuberculose, não é a mesma. Elas estão nos ambientes em que convivemos, mas geralmente não nos afetam", explica.  

  • Como elas se desenvolvem?

Segundo o infectologista, essas micobactérias se desenvolvem em ambientes úmidos. "São bactérias que crescem na água. Por isso, muitos dos casos têm relação com esse processo de esterelização", detalha.

  • Como ocorre a infecção?

As infecções, segundo o médico, estão quase sempre restritas a pacientes que se submeteram a algum procedimento estético, seja em clínicas, consultórios e hospitais. "Não é uma infecção que você se depara no dia a dia. Geralmente está associada a esses procedimentos médicos, que facilita a invasão dela ao organismo humano", indica.

  • A infecção é perigosa?  

Adelino avalia que as infecções podem ser perigosas, mas, em sua maioria, não ameaçam a vida. "Podem trazer impactos graves nas questões estéticas, como marcas definitivas, cicatrizes, entre outros. Porém, o risco de morte é muito baixo", afirma.

  • Como é o tratamento?

O médico infectologista considera o tratamento como complexo. Isso porque, segundo ele, além do longo período, o tratamento demanda uma combinação de medicamentos.

"São três ou quatro tipos de remédios associados. É algo que dura meses, já que possui uma resposta lenta e gradual. Não é como uma infecção de pele que você trata em uma semana, só com um medicamento", destaca.

  • Como prevenir?

Conforme o especialista, esse é um cuidado primordial para o profissional que atua em consultórios, clínicas, hospitais, entre outros. A principal forma de evitar a infecção, segundo ele, é seguir as determinações da Anvisa em relação aos procedimentos de esterilização dos materiais.

"É preciso usar o equipamento adequado, a solução com a concentração correta, dentro do prazo de validade. Para a população, é importante buscar informações sobre esse profissional, sempre optando por alguém que tenha boa reputação e bom histórico", finaliza.

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