Brasília de Minas

Pacientes de hemodiálise no Norte de Minas são infectados por coronavírus

Pelo menos cinco pessoas de municípios da região que fazem tratamento no centro de hemodiálise e dois funcionários do local deram positivo para a doença; Secretaria de Saúde de Brasília de Minas descartou transmissão durante procedimento

Por Lucas Morais
Publicado em 07 de maio de 2020 | 20:57
 
 
 
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Na cidade que teve hoje o decreto de calamidade pública reconhecido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, um centro de hemodiálise se tornou um dos primeiros focos de transmissão do coronavírus em Brasília de Minas, na região Norte do Estado. Apesar de garantir que a rotina na unidade não foi interrompida e todos os cuidados para evitar a doença tomados, a Secretaria Municipal de Saúde já contabilizou sete casos positivos entre pacientes e funcionários do local.

Principal polo de saúde da região, a cidade, que tem cerca de 32 mil habitantes, é responsável por atender uma população de quase 403 mil pessoas, incluindo moradores de outros municípios da entorno que utilizam a estrutura de hemodiálise. Dos cinco pacientes contaminados, três vivem em São Francisco, um é de Icaraí de Minas e outro de São Romão – por terem problemas renais, eles ainda são considerados grupo de risco do coronavírus.

De acordo com o secretário municipal de saúde de Brasília de Minas, Marcos Aurélio Mendes, não há comprovações de que a transmissão ocorreu durante a hemodiálise, que é realizada por uma empresa terceirizada próxima ao Hospital Municipal Senhora Sant'Ana, responsável pelo tratamento dos infectados. "O foco aconteceu aqui, mas foram de pacientes que faziam uso de espaço comum na recepção do local [do centro de hemodiálise] e eram de outras cidades. Tudo ocorreu no mesmo horário de atendimento. Depois, esses pacientes tiveram sintomas [de coronavírus], deram entrada no hospital e fizemos os testes", explica.

E, ao analisar o histórico de atendimentos do hospital da cidade nas semanas anteriores aos casos do centro de hemodiálise, Marcos Aurélio conta que surgiu a primeira suspeita da origem das contaminações no fim de abril abril. "Era um paciente da hemodiálise. Ele deu entrada no hospital de São Francisco e foi transferido para cá pelo Samu. Só que não identificaram que seria Covid-19 e, por isso, não foram seguidos os protocolos da doença", disse.

Em seguida, o homem morreu sem ser testado para o coronavírus. "O pessoal que fazia a hemodiálise no mesmo horário que ele também testou positivo", acrescenta o secretário de Saúde.

Testes em massa aplicados

E após a confirmação dos casos entre os pacientes, a Secretaria de Estado de Saúde autorizou um mutirão de exames entre todos os funcionários da hemodiálise e do hospital regional para identificar a doença – foram aplicados 306 testes rápidos, sendo que 305 deram negativo, entre os dias 30 de abril e 2 de maio. 

Outros 184 pacientes das duas unidades também passaram pelas análises. "Os resultados serão divulgados assim que forem analisados pelos laboratórios licenciados pelo governo", complementou a Secretaria de Saúde de Brasília de Minas.

Casos de coronavírus

Ainda em Brasília de Minas, já foram registrados 93 casos suspeitos de coronavírus, sendo que 22 deram negativo e outros 15 positivos. Segundo o balanço, desses testes realizados na cidade que confirmaram a doença, dois são de moradores de Montes Claros, outros dois de São Francisco, um de São Romão e outro de Icaraí de Minas.

Ainda foram confirmados cinco óbitos da doença de pessoas das cidades de Varzelândia, São Francisco e São Romão que receberam atendimento médico no Hospital Municipal Senhora Sant'Ana.

Situação em São Francisco 

Já o secretário municipal de Saúde de São Francisco, Renato Carlos César de Lima, defendeu que não houve erro dos profissionais da cidade por se tratar de uma "doença nova e silenciosa", cuja transmissão é muito rápida. "Essa informação do paciente da hemodiálise não tinha chegado na atenção primária e nem na secretaria. Quando passou mal no município, com quadro grave, foi transferido para Brasília de Minas. Mas ninguém imaginava que estava com coronavírus pelos sintomas", alega.

Assim que o caso desse paciente veio a tona, o secretário de São Francisco conta que também foram realizados testes entre os funcionários do hospital na cidade – oito servidores detectaram positivo para a doença. "E o que nós percebemos é que 95% deles apresentaram nada que gerasse suspeita. Tomamos todas as providências assim que foi identificada a doença, mas o silêncio dos sintomas assustou muito", revela.

E com 160 casos notificados, 19 confirmados para coronavírus e dois óbitos, Renato Carlos César de Lima alega que o município tem buscado ao máximo testar todos os casos suspeitos. "Sempre corremos atrás para dar transparência. Não é descuido das autoridades sanitárias [sobre as medidas de prevenção e o aumento de casos], é necessidade de manter a boa informação", enfatiza.

 

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