Bairro São Salvador

Pai morre com um tiro após defender filho de bullying em sorveteria

Homem não gostou que o menino foi chamado de “gordo e acabou baleado no olho

Por Aline Diniz e Letícia Fontes
Publicado em 09 de janeiro de 2019 | 17:32
 
 
 
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A quinta-feira (10) seria de piscina, bolo e festa. Pelo menos era isso que o florista Francisco dos Reis Araújo, de 48 anos, havia planejado para a comemoração dos 11 anos de seu filho mais velho.

Nesta quarta-feira (9) porém, o homem saiu da Pedreira Prado Lopes, na região Noroeste, com o objetivo de buscar os dois filhos para a comemoração surpresa. Mas uma ida à sorveteria acabou com a relação entre pai e filhos.

Araújo foi morto com um tiro no olho direito após um desentendimento. Ele defendeu a criança que teria sido chamada de “gorda” pelo suspeito. 

“Ele era brincalhão demais, ligava todos os dias e vinha aqui toda semana. Na cabeça do meu filho, a ficha não caiu. Não sei como vou sustentar os dois sem a ajuda dele (Araújo)”, contou a auxiliar de limpeza Valdeci Hernandes da Silva, de 40 anos, ex-mulher da vítima.

A confusão aconteceu dentro de uma sorveteria no bairro São Salvador, na região Noroeste de Belo Horizonte.

Segundo testemunhas que pediram anonimato, o suspeito Ademir Ferreira Barbosa, de 68 anos, chamou o filho de Araújo de gordo. “Ele (o suspeito) me chamou de gordinho e meu pai não gosta”, contou a criança. 

O florista ficou nervoso, se levantou da cadeira e gritou para que o idoso parasse de fazer bullying com a criança. Em seguida, os dois saíram do estabelecimento comercial e continuaram a discussão. Barbosa sacou uma arma de aproximadamente 7 cm e atirou contra o florista. O filho ainda teria tentado, sem sucesso, acudir o pai. Ele ficou ferido no olho direito e morreu antes de chegar até a Unidade de Pronto Atendimento (Upa) Santa Terezinha.

Prisão

O suposto autor do tiro saiu da cena do crime andando, mas foi perseguido por um homem, que não quis ser identificada. “Eu só ouvi o estampido e o cara saindo e fui atrás. É o que todo cidadão deveria fazer. Ele não correu e eu u fui seguindo”, relatou. 

Depois de andar cerca de 500 m, o suspeito foi parado pela PM. “Eu indiquei para os policiais onde ele estava. Foi até difícil para os policiais colocarem as algemas, ele estava agitado”, finalizou.

Investigação

Durante depoimento a polícia, Ademir Ferreira Barbosa, de 68 anos, confessou o crime. Segundo o tenente Pedro Rogério da Silva, durante depoimento a polícia, o suspeito ainda informou aos militares que atirou porque Francisco dos Reis Araújo, de 48 anos, teria partido para cima dele. 

“Ele afirma que mexeu com a criança, porque era engraçadinha, mas sem nenhum tom ofensivo. O pai teria entendido de outra forma, segundo ele. Foi uma morte fútil. Um problema que poderia ter sido resolvido até mesmo sem polícia”, afirmou o tenente. “Assim que nós chegamos foi feito o socorro da vítima. Levamos até a UPA Santa Terezinha, mas ele já chegou morto ao local”, completou Silva. 

Arma

Segundo o tenente, o suspeito tinha o registro vencido da arma calibre 22 usada no momento do crime. No entanto, ele não possui o porte da arma. Segundo a Polícia, o revólver é menor que o tamanho de uma caneta - possui cerca de 8 centímetros.

A arma estava com cinco munições e uma foi deflagrada. Em buscas no escritório do homem , a Polícia Militar (PM) encontrou ainda um revólver calibre 38. O suspeito também não tem nem o porte nem o registro dessa arma segundo a corporação.

Prisão 

O suspeito foi preso em flagrante. Familiares do homem informaram à reportagem que ele sofre de Alzheimer e que, por ter trabalhado no Judiciário, acha que pode andar armado.

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