Três meses se passaram desde que o mar de lama da barragem estourada da Vale arrastou consigo quase 300 pessoas, deixando 233 mortas e outras 37 desaparecidas em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Ramon Júnior Pinto, 34, foi uma das vítimas da tragédia e deixou, além de sua companheira, sua filha Milena com cinco anos recém-completos. O corpo dele foi identificado ainda no dia 31 de janeiro, três dias antes do aniversário da menina.

Agora, na semana em que familiares voltaram à entrada de Brumadinho para homenagear seus entes queridos perdidos para a lama, Gleidson Alves, primo de Ramon, decidiu eternizar no braço a imagem e a memória de seu 'irmão de vida'. 

"Ainda que não esteja em vida, o Ramon sempre vai estar no meu coração e agora o levo também na carne, foi uma homenagem mais que merecida", comenta. 

A imagem escolhida para ser tatuada já estampava há tempos o fundo de tela do celular do primo e foi inspirada em uma foto de Ramon com a camisa do Panelinha Futebol Clube, time que era sua grande paixão em Brumadinho. 

Mesmo com o passar do tempo, a saudade tem sido ensurdecedora para a família. "Continuamos em um momento muito difícil, tentamos acostumar com a dor, mas não conseguimos. Foi muito inesperado tudo o que aconteceu", explica Gleidson. Um dia antes do rompimento da barragem, Ramon havia tirado uma folga para curtir antecipadamente o aniversário da filha com sua família. 

Até hoje Gleidson guarda na memória de seu celular prints de conselhos dados a ele por Ramon. "Ele era um exemplo, mas os conselhos dele eu nunca terei", conta muito emocionado.

A pequena Milena também sofre com a ausência do pai. "Não sei nem explicar como ela lida, nós sabemos que ela entende, mas sente muita falta do pai". A mãe de Ramon e a menina ficaram muito felizes com a homenagem. "Falei para minha tia agora a tarde e ela ficou muito feliz. É uma forma de mostrar que o Ramon está sempre por aí".