Durante audiência pública na Câmara Municipal de Belo Horizonte para discutir os casos de intoxicação de consumidores da cerveja Backer, Christiani Neves, enteada de Maria Augusta – primeira vítima morta e que aguarda exumação do corpo –, convidou Paula Lebbos, diretora da empresa, para tomar "duas garrafinhas" da bebida de um lote contaminado que ela guardou em casa. 

Christiani disse não querer saber de quem é a culpa, mas que a responsabilidade é da empresa, uma vez que os produtos contaminados saíram da fábrica da Backer. "Em 38 horas, uma pessoa que não tinha nada, o prontuário médico está aí para comprovar, morreu. Guardamos duas garrafinhas que são de lotes contaminados. Se quiserem beber com a gente, estão convidados. É apenas um convite. Se vai estar contaminada aquela garrafa, aí não sou adivinha", declarou.

Paula Lebbos, por sua vez, disse que a empresa ainda não é culpada de nada. "A Backer ainda não é culpada de nada, estamos sendo fiscalizados. Se a Backer for culpada, vamos, sim, arcar com tudo aquilo que é pertinente. Não tem vítimas ainda, porque não é a Backer que tem que apontar isso, estamos respondendo àquilo que nos é cobrado pela Justiça", declarou.

A executiva disse que é necessário esperar o fim das investigações e que a empresa seja julgada e "realmente acusada como causadora disso", referindo-se às intoxicações. Paula Lebbos sugeriu que outros produtos do dia a dia contenham dietilenoglicol e monoetilenoglicol, substâncias apontadas como as responsáveis por quadros da síndrome nefroneural. 

"Gostaria de colocar uma pergunta no ar principalmente para a Camila (farmacêutica que perdeu o pai e cujo marido está internado) se ela pode afirmar que nenhum outro produto que está diretamente ligado ao ser humano, no nosso dia a dia, não pode conter o mono ou o dietilenoglicol. Se nos próprios equipamentos hospitalares, na própria desinfecção, também não possa ter o dietilenoglicol e o mono. Essa é uma pergunta que a Backer também gostaria de saber e que pode estar influenciando esse pico que teve na Belorizontina", questionou.

A diretora da Backer disse entender a dor dos familiares, o que foi questionado por alguns presentes à reunião. "Eu sei o que é sofrer, porque eu sou ser humano e eu também, como a senhora, passei um ano dentro de um hospital em que minha mãe entrou, pensando que estava com dengue, e nunca mais saiu porque foi diagnosticada com câncer final. Eu sei muito bem do que a senhora e o que vocês estão passando. Ela também chegou a falecer, tem três meses isso. Sou ser humano e também passei pelas mesmas dificuldades", concluiu.

Uma das familiares, que está com um ente hospitalizado há mais de um ano, se levantou da mesa e falou para a empresa a procurar quando for proativa, sem ficar dando desculpas em público.