A Polícia Federal (PF) concluiu o inquérito das investigações sobre as irregularidades na execução do projeto de implantação do Memorial da Anistia Política do Brasil, financiado pelo Ministério da Justiça e executado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Onze pessoas foram indiciadas pela prática de crimes cujas penas máximas somadas totalizam 32 anos.
A operação “Esperança Equilibrista", deflagrada em 2017, concluiu que "quanto à ação de pesquisa de conteúdo e produção da Exposição de Longa Duração, foi possível constatar fortes indícios da prática de crimes de associação criminosa, uso de documentos ideologicamente falsos, desvio de verba pública, concussão, estelionato e prevaricação", informou a polícia.
A Polícia Federal descobriu ainda que "a maioria dos estudantes e dos pesquisadores que recebiam bolsas para desenvolver pesquisas de conteúdo para a Exposição de Longa Duração foi instada a repassar parte de suas bolsas para alguns investigados. Em outra situação, ao induzir bolsistas a engano, alguns investigados obtiveram parte da remuneração dos pesquisadores", disse a PF.
Ainda de acordo com a PF, foram gastos no projeto despesas estranhas ao ao previsto que beneficiava fornecedores e colaboradores. As provas reunidas no inquérito policial demonstram tentativas de esconder o descontrole e o desvio dos gastos por meio de prestação de contas com dados falsos.
O projeto foi assinado em 2009 e previa a reforma do edifício histórico denominado Coleginho, no bairro Santo Antônio, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, a construção de prédios anexos e de uma praça de convivência; e a produção de uma Exposição de Longa Duração no Coleginho reformado.
O custo inicial do projeto era de pouco mais de R$ 5 milhões. Após seis aditivos, o projeto atingiu a quantia de mais de 28 milhões, dos quais mais de 19 milhões foram efetivamente pagos, tendo sido destinados 6,7 milhões à produção da Exposição de Longa Duração; e o restante, para a obra.
Leia a nota da UFMG
"À UFMG coube a execução do projeto do Memorial da Anistia, seguindo de forma estrita regras, cronograma de execução financeira e critérios de avaliação estabelecidos pelo Ministério da Justiça. A Universidade é um patrimônio do nosso país, se mantém (como sempre esteve e estará) à disposição das autoridades, confiante que todas as circunstâncias serão esclarecidas com a análise objetiva e imparcial das evidências".