Investigações

Polícia está na fábrica da Backer para apurar relação com doença misteriosa

Um dos produtos da empresa, a cerveja Belorizontina, foi alvo de suspeita de ter alguma relação com a nova síndrome que já atingiu oito pessoas em Minas

Por Mariana Nogueira, Natália Oliveira e Carolina Caetano
Publicado em 09 de janeiro de 2020 | 13:57
 
 
 
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A Polícia Civil está na tarde desta quinta-feira (9) na sede da fábrica da cervejaria Backer, no bairro Olhos D’Água, na região Oeste de BH. Um dos produtos da empresa, a cerveja Belorizontina, foi atrelado recentemente, em relatos nas redes sociais, a uma doença misteriosa que já matou uma pessoa e deixou outras sete internadas em Minas Gerais. A empresa nega a relação (leia mais abaixo). Todas as vítimas estiveram no bairro Buritis, na capital. Um inquérito foi aberto nesta quinta-feira (9) para investigar a patologia. 

Nenhuma informação foi passada pela Polícia Civil sobre a motivação da presença dos agentes na cervejaria. Mas a reportagem apurou que a polícia está no local como parte das investigações que foram abertas para apurar as causas da morte e da nova doença. 

A reportagem está no local e constatou que pelo menos uma viatura da corporação deu entrada à fábrica, que ocupa um quarteirão inteiro do bairro.

Backer nega qualquer problema

Assim que começaram a surgir as primeiras mensagens de WhatsApp relacionando a Belorizontina e à doença misteriosa, a Backer se pronunciou pelas redes sociais, dizendo que não há problemas com a bebida e que as notícias eram mentirosas.

Nesta quinta, após a Polícia Civil ir até a cervejaria, a Backer divulgou uma nova nota dizendo que aguarda as investigações e que está contribuindo para os esclarecimentos. A empresa também negou qualquer problema em seus produtos. 

Leia na íntegra:

A Cervejaria Backer informa que está colaborando com os  órgãos públicos de saúde que  estão realizando perícias em todo o seu processo de produção.

No dia 07, terça-feira, a fábrica recebeu em suas instalações, agentes do Ministério da Agricultura que realizaram uma inspeção completa na mesma.

Autoridades de saúde investigam, igualmente, outros produtos consumidos e que possam ter provocado a hospitalização de 8 pessoas, todas com os mesmos sintomas. 

Reafirmamos nossa total confiança em todas as etapas de produção dos nossos produtos. Manteremos nossos consumidores, distribuidores e a sociedade em geral informada, tão logo tenhamos acesso aos laudos periciais, ora em curso.

Doença misteriosa

Dados da Secretária de Estado de Saúde (SES), mostram que já são oito vítimas da doença misteriosa que causa insuficiência renal grave e problemas neurológicos. Sete continuam internadas e uma morreu. 

A vítima fatal é o bancário Paschoal Demartini Filho, de 55 anos, morador de Ubá, na Zona da Mata. Segundo familiares, ele e um genro ingeriram a Belorizontina no bairro Buritis, região Oeste, no fim de dezembro. Esse genro de 37 anos também está internado com a doença. 

"Ele (o Paschoal) foi passar o Natal com a filha em Belo Horizonte. Dia 26 retornou a Ubá onde mora e no mesmo dia começou a sentir que não estava urinando. Procurou o médico e logo internaram. O quadro piorou e consequentemente já entrou com diálise e foi imediatamente transferido pra Santa Casa de Misericórdia em Juiz de Fora", contou Marcos Demartini, de 49 anos, primo da vítima fatal. 

O primo disse que as duas vítimas estavam saudáveis e não tinham nenhuma patologia anterior. "A família está arrasada, ninguém esperava um desfecho desses. Os médicos ainda não sabem o que aconteceu, estamos esperando mais informações", disse Marcos. O corpo será enterrado em Ubá, na Zona da Mata, de onde Paschoal é natural, mas ainda não há horário e dia definidos para a cerimônia. 

Outras sete homens permanecem internados em hospitais particulares de Belo Horizonte. De acordo com a pasta, os pacientes começaram com sintomas gastrointestinais, como náusea, vômito e  dor abdominal,  associados à insuficiência renal aguda grave de evolução rápida, que progride em 72 horas,  seguida de uma ou mais alterações neurológicas, como paralisia facial, borramento visual, amaurose, ou seja, perda de visão, alteração de sensório e paralisia descendente.

Texto atualizado às 15h10

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