Alto Paranaíba

Polícia investiga maus-tratos a bebê em Patos de Minas

Pais acusam creche de queimar filho com água quente, instituição nega e diz que foram os próprios genitores os autores

Por Pedro Ferreira
Publicado em 08 de março de 2019 | 17:44
 
 
 
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Um bebê de oito meses teve a orelha direita e os dedinhos dos pés queimados com água quente em uma creche de Patos de Minas, no Alto Paranaíba. Quando os pais chamaram a Polícia Militar (PM), eles também foram acusados de maus-tratos contra a criança e contra outro filho de 3 anos do casal.

A creche, que também funciona como hotelzinho, apresentou fotografias de hematomas nas crianças e alegou não ter denunciado à polícia antes por medo do pai, que teria envolvimento com drogas, segundo a creche. Os pais alegam que as crianças foram deixados no local na terça-feira (5), onde pernoitaram e foram apanhadas às 7h30 de quarta-feira (6). O casal nega os maus-tratos e disse ter percebido lesões nas nádegas do filho de 8 meses;

De acordo com o boletim de ocorrência da Polícia Militar (PM), todos foram conduzidos à delegacia, onde houve confusão. A mãe, 22, atacou o dono da creche com tapas no rosto e foi presa por agressão. Já o pai, também de 22, ficou muito agitado e fez ameaças ao dono da creche, jurando vingança quando deixasse a delegacia. “Eu não vou ficar preso e vou te pegar, seu pilantra, safado, desgraçado”, teria gritado o pai, conforme o boletim de ocorrência.

O tenente da PM Luís Henrique Caixeta Silva conta que foram acionados pelos pais e avó da criança na tarde de quarta-feira, alegando que o bebê havia sofrido queimaduras na escola que frequenta. “A Polícia Militar se descolocou até o local e fez contato com o proprietário da escola. Ele disse que realmente a criança teria se queimado em um acidente e relatou que os pais estavam agredindo as crianças, tendo, inclusive, fotos documentadas das lesões”, disse o tenente. “A escola estava montando um arquivo com fotos, porém, ela ainda não havia repassado para a Polícia Militar com medo de alguma represália por parte dos genitores dessas crianças”, acrescentou o militar.

Após a versão do dono da creche, os PMs fizeram contato novamente com os pais das crianças e ouviram a versão deles, que negaram os maus-tratos. “Todos foram conduzidos até a delegacia e o Conselho Tutelar foi acionado, para apuração por parte do delegado”, disse o tenente.

Contradição

O dono da creche teria dado duas versões do acidente com água quente. Para a PM, ele alegou que preparava café, usando ebulidor e chaleira, e que levou uma queda e respingou água quente na orelha da criança. “Já os pais alegaram que o dono da creche teria dito que preparava uma compressa quente para colocar no dente”, conta o tenente.

O dono da creche também negou que as crianças tenham pernoitado no local. Disse que elas deram entrada na quarta-feira, quando ele garante ter percebido escoriações diversas na área da coluna lombar da criança menor, além de assaduras, hematomas roxos e vermelhidão nas nádegas, e que devolveu os garotos aos pais por volta das 17h30. Uma testemunha ouvida pela PM confirmou a versão do dono da creche. Ela também tinham fotos das lesões nas crianças.

De acordo com o tenente, os três foram conduzidos à presença do delegado da Polícia Civil. “Eles relataram os fatos ao delegado e assinaram um termo de comparecimento posterior, mediante intimação. A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar as denúncias”, informou o tenente.

O garotinho de 8 meses foi levado para uma Unidade de Pronto-atendimento (UPA), onde recebeu atendimento médico. Depois, ela foi entregue aos cuidados da avó materna.

A Polícia Civil foi procurada para falar do andamento das investigações, mas ainda não se manifestou até o momento.

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