Operação 'Voz da Arquibancada'

Polícia prende mais três membros de organizadas do Cruzeiro

Na terça-feira, a operação 'Voz da Arquibancada' havia prendido oito chefes de duas torcidas do time celeste em várias cidades de Minas

Por Lara Alves e Carolina Caetano
Publicado em 18 de dezembro de 2019 | 13:07
 
 
 
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Outros três integrantes de torcidas organizadas do Cruzeiro se entregaram à polícia e acabaram detidos na manhã desta quarta-feira (18). Eles integram um grupo composto por 16 torcedores, membros da Máfia Azul e da Pavilhão Independente, contra os quais pesam mandados de prisão temporária com validade de cinco dias que começaram a ser cumpridos ainda na madrugada de terça-feira (17) em ação conjunta do órgão com as polícias Civil e Militar. Ao todo, onze já foram presos. Cinco ainda continuam foragidos.

A operação Voz da Arquibancada é uma ação conjunta entre Polícia Civil, Polícia Militar e Ministério Público, onde foram cumpridos 20 mandados de busca e apreensão nas sedes dos grupos, em Belo Horizonte, e em outros imóveis  em Contagem, Betim, Vespasiano, Ribeirão das Neves, na região metropolitana da capital,  Barão de Cocais e João Monlevade, na região Central de Minas.

Foram expedidos 16 mandados de prisão temporária - com validade de cinco dias. Nas investigações relacionadas às torcidas são apurados crimes de tentativa de homicídio, associação criminosa, lesão corporal, provocação de tumultos, ameaças e dano ao patrimônio público e privado.

O Ministério Público Estadual (MPE) vai representar pelo banimento das torcidas organizadas do Cruzeiro, Máfia Azul e Pavilhão Independente, temporariamente a partir desta terça-feira (17). A informação foi divulgada no fim da manhã, após a operação 'Voz da Arquibancada', que teve como alvo líderes e membros das organizadas. Oito pessoas foram presas.

Caso a federação acate a recomendação do MPE, caberá à Polícia Militar a monitorar esses torcedores nos estádios durante os jogos de 2020.

Operação

"Alguns desses presos já têm passagens pela polícia por tráfico de drogas e homicídios. Entre os presos estão líderes dessas torcidas, que, além de participarem, instigavam as brigas. Eles serão responsabilizados e responderão por associação criminosa. Estamos, agora, tomando medidas contra a Pavilhão e a Máfia Azul, mas quero deixar claro para as torcidas dos outros clubes que, se ocorreram fatos como desses dois grupos, vamos tratar da mesma forma", destacou o delegado Denilson Gomes, da Delegacia de Eventos, que integra o Departamento Estadual de Operações Especiais (Deoesp).

De acordo com o policial, a instituição ainda investiga se há financiamento por parte de algum clube. "Não temos essa confirmação, mas vamos investigar. Há indícios que clubes estejam sustentando essas torcidas com ajuda de custo e ingressos", contou.

Durante a ação foram apreendidos uniformes, documentos, bastões de madeira e ferros. No Deoesp, apenas três dos presos se limitaram a dizer que eram inocentes. O restante optou pelo silêncio.

Tentativas de conciliação

Desde setembro, quando ocorreu a partida de Cruzeiro contra Flamengo, em que também foram registrados conflitos, líderes das duas torcidas foram chamados para tentativas de conciliação.

"Nós tivemos três reuniões no batalhão tratando com as torcidas, tivemos uma reunião no próprio Cruzeiro e duas ou três reuniões no Ministério Público com membros das torcidas tratando dessa questão de caminharmos para uma paz, mas eles estão sempre em atrito. Essas lideranças não entram em um consenso, e eles têm o domínio das torcidas", explicou o tenente-coronel Juliano Trant, comandante do Batalhão de Choque da Polícia Militar.

O militar informou que a corporação vai continuar acompanhando os jogos, e, caso a federação acate a recomendação do MPE, os torcedores podem ser presos. "Eles podem ser presos porque estão desobedecendo uma recomendação de autoridade competente. Mas, em primeiro momento, trabalhamos com a questão educativa porque muitos torcedores compram o uniforme da torcida e vão inocentemente. Percebendo que se trata de afronta dos integrantes das organizadas, nós vamos tomar providências", destacou o tenente coronel.

Tornozeleiras e biometria

Sobre o uso de tornozeleira para esses integrantes envolvidos em brigas e a possibilidade da biometria nos estádios, conforme acontece em outros Estados, a promotora Vanessa Fusco afirmou que todas as possibilidades são estudadas.

"Nós estamos estudando várias metodologias e ainda não sabemos qual é a mais adequada, mas eu acho que toda tecnologia é bem-vinda para facilitar. Os estádios têm um fluxo muito grande de pessoas. Então existe a necessidade do auxilio da tecnologia e podemos adotar a ideia de outros Estados e outros países", finalizou.

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