Amanhã

Por falta de EPIs, profissionais param as atividades no Eduardo de Menezes

Apesar de considerado referência no tratamento do coronavírus, sindicato denuncia condições de trabalho ruim no hospital. Paralisação acontece das 8h às 16h

Por Lucas Morais
Publicado em 12 de maio de 2020 | 19:02
 
 
 
normal

Na unidade que é considerada referência para o tratamento de coronavírus em Minas Gerais, denúncias sobre a falta de condições de trabalho provocaram uma paralisação dos profissionais do Hospital Eduardo de Menezes, na região do Barreiro. Conforme o Sind-Saúde (Sindicato Único dos Trabalhadores de Saúde de Minas Gerais), os trabalhadores cruzam os braços nesta quarta-feira (13), entre 8h e 16h – somente os serviços emergenciais, como os leitos de UTI, devem ser mantidos, com 30% da escala normal de trabalho.

A diretora da entidade, Neuza Freitas, conta que o principal problema ainda é a quantidade insuficiente de equipamentos de proteção individual, principalmente nesse momento de pandemia. "Inclusive foi encaminhado em um documento pelo responsável técnico da unidade que confirma a falta de equipamentos", revela.

De acordo com a sindicalista, há ainda "algumas aberrações" que acontecem no hospital. "Uma delas é obrigar o técnico de enfermagem a fazer reconhecimento de corpo. Isso não é função desse profissional. O uso de aventais de tecido, que é proibido pela Anvisa, além de recipientes de plástico onde compartilha álcool e sabão, item que não existe mais há dez anos nos hospitais", acrescenta.

Diante da falta de respostas sobre as denúncias, o Sind-Saúde disse que chegou a acionar o Ministério Público para investigar a situação do hospital. Para a entidade, a Secretaria de Estado de Saúde ainda esconde o real panorama da pandemia em Minas Gerais, já que só em uma noite ocorreram quatro óbitos classificados como Síndrome Respiratória Grave – que inclui outras possíveis doenças, como gripe e pneumonia – no Eduardo de Menezes.

"E nesse momento em que os profissionais colocam em risco a própria vida, porque onde não existe diretriz e diálogo em plena pandemia de coronavírus, não existe outra saída", finaliza a dirigente sobre a paralisação. A expectativa é que os trabalhadores também façam um ato na porta da entidade a partir das 10h.

Responsável por gerir a unidade, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) "tem empreendido esforços no sentido de disponibilizar EPIs visando manter a segurança assistencial de profissionais e segurança do paciente". Conforme a entidade, "não houve desabastecimento de nenhum item a nenhuma das unidades que compõe a rede, sendo que os estoques estão sendo verificados diariamente" e que os casos suspeitos estão sendo notificados compulsoriamente à Secretaria de Estado de Saúde.

 

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!