Na unidade que é considerada referência para o tratamento de coronavírus em Minas Gerais, denúncias sobre a falta de condições de trabalho provocaram uma paralisação dos profissionais do Hospital Eduardo de Menezes, na região do Barreiro. Conforme o Sind-Saúde (Sindicato Único dos Trabalhadores de Saúde de Minas Gerais), os trabalhadores cruzam os braços nesta quarta-feira (13), entre 8h e 16h – somente os serviços emergenciais, como os leitos de UTI, devem ser mantidos, com 30% da escala normal de trabalho.
A diretora da entidade, Neuza Freitas, conta que o principal problema ainda é a quantidade insuficiente de equipamentos de proteção individual, principalmente nesse momento de pandemia. "Inclusive foi encaminhado em um documento pelo responsável técnico da unidade que confirma a falta de equipamentos", revela.
De acordo com a sindicalista, há ainda "algumas aberrações" que acontecem no hospital. "Uma delas é obrigar o técnico de enfermagem a fazer reconhecimento de corpo. Isso não é função desse profissional. O uso de aventais de tecido, que é proibido pela Anvisa, além de recipientes de plástico onde compartilha álcool e sabão, item que não existe mais há dez anos nos hospitais", acrescenta.
Diante da falta de respostas sobre as denúncias, o Sind-Saúde disse que chegou a acionar o Ministério Público para investigar a situação do hospital. Para a entidade, a Secretaria de Estado de Saúde ainda esconde o real panorama da pandemia em Minas Gerais, já que só em uma noite ocorreram quatro óbitos classificados como Síndrome Respiratória Grave – que inclui outras possíveis doenças, como gripe e pneumonia – no Eduardo de Menezes.
"E nesse momento em que os profissionais colocam em risco a própria vida, porque onde não existe diretriz e diálogo em plena pandemia de coronavírus, não existe outra saída", finaliza a dirigente sobre a paralisação. A expectativa é que os trabalhadores também façam um ato na porta da entidade a partir das 10h.
Responsável por gerir a unidade, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) "tem empreendido esforços no sentido de disponibilizar EPIs visando manter a segurança assistencial de profissionais e segurança do paciente". Conforme a entidade, "não houve desabastecimento de nenhum item a nenhuma das unidades que compõe a rede, sendo que os estoques estão sendo verificados diariamente" e que os casos suspeitos estão sendo notificados compulsoriamente à Secretaria de Estado de Saúde.