Na última semana, comentários pipocam nas redes sociais da Unimed-BH reclamando que as consultas online oferecidas pela empresa de saúde para pessoas com sintomas de Covid-19 estão indisponíveis. A indisponibilidade de horários de atendimento é causada pelo aumento de casos confirmados em Belo Horizonte, de acordo com a instituição, que diz que a quantidade de consultas em novembro se aproximou do recorde de julho, quando a capital mineira teve um pico de confirmações.
Em julho, foram realizadas 25,8 mil consultas, enquanto, em novembro, foram 21,2 mil. “Esse aumento da demanda impactou diretamente o serviço de consulta online para coronavírus. Por isso, ainda em novembro, a Unimed-BH aumentou o número de médicos para disponibilizar mais horários aos clientes. Atualmente, são mais de 220 médicos para atendimento e cerca de 1.500 consultas disponibilizadas na agenda todos os dias”, afirma a empresa, em nota. Em meados de outubro, eram 190 médicos.
A reportagem checou a disponibilidade de horários no site da Unimed-BH do meio da manhã e ao longo da tarde desta quarta-feira (2) e conseguiu visualizar apenas agenda para as 15h, em acesso por volta das 11h, e outra consulta para as 19h30, em acesso às 15h30. Ambas foram preenchidas rapidamente. Na tela, surgia a mensagem “No momento todos os horários disponíveis foram preenchidos. Novos horários são disponibilizados a cada 15 minutos até as 16h”.
A indisponibilidade de atendimento deixou a assessora de comunicação Mariana Viel, 40, em dias de tensão. No último domingo (29), sua filha de dois anos começou a apresentar febre e, pouco depois, Mariana e a mãe começaram a ter sintomas gripais.
“No domingo, comecei a procurar o atendimento online e não consegui, mas achei tranquilo, por ser final de semana. Na segunda, os sintomas incomodaram cada vez mais e eu ainda não conseguia horário. É uma tensão grande (nessa situação), porque você teve contato com outras pessoas, pessoas trabalham com você e você não sabe como lidar”, relata. Ela só teve sucesso no atendimento no começo da noite dessa terça-feira (1º), após recorrer às redes sociais da empresa para publicizar reclamações.
Esse também foi o caminho escolhido por outros clientes, que afirmam, em comentários online, não estar conseguindo agendar horários. “Desde quarta passada minha irmã entrou em contato solicitando uma consulta online com vários sintomas do Covid e ainda relatou que mora com a minha mãe de 69 anos e até hoje não teve nenhum retorno. Resultado: testou positivo ontem e continua sem nenhum retorno e orientação”, diz um dos mais recentes.
Após um dia tentando agendar a consulta, o sócio da imobiliária Janela Lateral, Allan Santos, 38, desistiu do atendimento online. Ele, a esposa e uma colaboradora da empresa começaram a semana com sintomas gripais, que ele afirma já ter passado. “Fiquei revoltado quando vi um post de propaganda deles falando que tinha atendimento online para Covid-19, porque, quando precisei, não tinha”, diz.
Ocupação de leitos está sob controle, segundo rede de saúde
A cooperativa de saúde afirma que monitora sua rede própria diariamente e que as taxas de ocupação dos leitos estão “seguras e adequadas”. No dia 1º de dezembro, havia 87 pacientes internados com Covid-19 ou suspeita; já no dia 30 de julho, as internações de pessoas com confirmação ou suspeita da doença chegavam a 148. Há menos de dois meses, no dia 15 de outubro, eram 111.
A fisioterapeuta Kênia Costa, 34, atesta que o atendimento para internações ficou mais complicado durante a pandemia, mesmo neste momento de aparente maior ociosidade de leitos. Sua avó, de 93 anos, tem doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), problema respiratório que a levou a ser internada mais de uma vez ao longo da vida. Neste final de semana, quando sua pressão teve uma escalada, ela precisou de uma ambulância da Unimed, que demorou cerca de quatro horas para chegar, segundo a neta — uma espera inédita, segundo a fisioterapeuta.
“(A equipe da ambulância) teve dificuldade para saber em qual hospital iria levar, o que não acontecia em tempos normais. Ela já foi internada assim outras vezes sem problema”, relata Kênia. A avó acabou sendo encaminhada a um hospital conveniado, onde só foi encaixada em um leito de enfermaria na terça-feira (2).