O Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte, Montes Claros e Ouro Branco (APUBH) publicou uma carta aberta em apoio ao decreto de suspensão das atividades não consideradas essenciais na capital mineira a partir da próxima segunda-feira (11). A medida, baixada  pelo prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), na sexta (8), foi recebida com a promessa de uma manifestação de comerciantes em frente à prefeitura na próxima segunda e ameaça de processos judiciais por setores que se sentiram prejudicados. 

“Sabemos os custos e os prejuízos sociais e econômicos da retomada do distanciamento social no grau mais restritivo que vivemos durante a pandemia. Porém, os dados concretos demonstram a necessidade imperativa de se evitar uma catástrofe ainda maior do que a que estamos vivendo”, diz a carta. Ela cita a alta na taxa de ocupação dos leitos de UTI na cidade e uma nota do Grupo Colaborativo de Coordenadores de UTIs de BH. O grupo de coordenadores atesta que um paciente que não encontra uma vaga de UTI tem de três a quatro vezes mais chances de morrer e que os cerca de 90 leitos ainda disponíveis na rede pública e suplementar para Covid-19 não são o bastante para aguentar a demanda prevista para os próximos meses.  

Os membros da APUBH chamam atenção para o efeito das reuniões de final de ano no aumento de doentes, como especialistas já têm alertado também sobre as altas de casos de Covid-19 em Minas Gerais. “Sabemos que nos hospitais ainda não chegaram todos os pacientes com casos mais graves da doença, que a contraíram no período de festas de fim de ano, uma vez que a infecção demora cerca de cinco dias para se manifestar e entre dez e 12 dias para alcançar um nível de gravidade que demande internação em UTI”, continua a carta. 

Carta aberta cobra cronograma de vacinação em BH

Os professores cobram que a prefeitura torne público um cronograma de vacinação da população belo-horizontina e que pressione o governo estadual a fazer o mesmo. “A perspectiva de início de vacinação já se apresenta em um horizonte próximo. Precisamos cerrar fileiras para combater a doença e, neste momento, isso significa retomar o distanciamento social com responsabilidade, evitar ao máximo as aglomerações e tomar as medidas de proteção individual, com o uso contínuo dos EPIs”, diz o documento.

Os autores da carta comemoram a eficácia de 78% da Coronavac, que será produzida pelo Instituto Butantan para todo o Brasil, e a promessa da chegada de 2 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca e da Universidade de Oxford

A carta ainda chama a postura do presidente Jairs Bolsonaro (sem partido) frente à pandemia de “necropolítica”, ou “política das morte”, e afirma que o novo decreto municipal vai na contramão da presidência. “(O presidente) insiste em menosprezar os efeitos da pandemia e os próprios alarmantes dados de número de óbitos e de infectados pelo COVID-19. Justamente por essa política de negação da ciência, vivemos um momento em que diversos países do mundo começam a vacinar os seus cidadãos e no Brasil ainda não se tem certeza nem se possuirmos o número de seringas e agulhas para vacinar toda a população”, completa.

Além da APUBH, assinam a carta:

  • Associação Brasileira de Juristas pela Democracia/Minas Gerais (ABJD/MG)
  • Associação Brasileira de Médicos e Médicas pela Democracia/Minas Gerais (ABMMD/MG)
  • Associação de Pós-Graduandos e Pós-Graduandas da UFMG (APG)
  • Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) 
  • Diretório Central dos Estudantes da UFMG (DCE)
  • Fórum Estadual Permanente de Educação de Minas Gerais (Fepemg)
  • Federação Interestadual dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (FITEE)
  • Fórum Mineiro de Educação de Jovens e Adultos de Minas Gerais (Fomeja) 
  • Organização dos Aposentados e Pensionistas da UFMG (OAP)
  • Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC/MG) 
  • Sindicato dos Advogados no Estado de Minas Gerais (Sinad-MG) 
  • Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica – Seção Sindical IFMG (Sinasefe-IFMG) 
  • Sindicato dos Empregados em Empresas de Processamento de Dados, Serviços de Informática e Similares do Estado de Minas Gerais (Sindados/MG) 
  • Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores da Indústria Energética de Minas Gerais (Sindieletro)
  • Sindicato dos Trabalhadores nas Instituições Federais de Ensino (Sindifes) 
  • Sindicato dos Petroleiros – Minas Gerais (Sindipetro)
  • Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro) 
  • Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Correios de Minas Gerais (Sintect-MG)
  • União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação de Minas Gerais (Uncme/MG) 
  • União Nacional dos Estudantes (UNE)