A dona de casa Stefânia Silva Bravos, 42, se emociona sempre que fala sobre as feridas provocadas por uma doença de origem vascular que há acompanham há 21 anos. No entanto, pela primeira vez em duas décadas, ela consegue manter um sorriso ao comentar que o tratamento finalmente está dando certo e que os ferimentos começaram a cicatrizar. A mulher é uma das pacientes do projeto Minas Sem Feridas, uma iniciativa de um cirurgião vascular de Belo Horizonte que atende gratuitamente pessoas de baixa renda que sofrem com doenças crônicas.
“Foi uma melhora surreal, está muito diferente. Eu já tive outros médicos, mas nunca tive um resultado tão rápido”, comemora Stefânia, que está em tratamento há dois meses.
Sem qualquer custo para quem comprova não ter condições de pagar pelo atendimento, o tratamento consiste no acompanhamento do paciente, com realização de diagnóstico, troca de curativos, exames e intervenções até a completa cicatrização da ferida - para ser considerado crônico, o machucado precisa estar aberto há mais de três meses.
Além da troca de curativos, há também atendimento com uma equipe multidisciplinar, com enfermagem especializada, cirurgia plástica, ortopedia, nutricionista, entre outros profissionais.
Médico responsável pelo projeto, o cirurgião vascular Paulo Bastianetto explica por que decidiu abrir atendimento gratuito para pacientes com feridas crônicas. "Eu sempre trabalhei muito com feridas, é uma coisa que me interessa, é uma coisa desafiadora. A gente brinca que quando a gente cura uma ferida a gente perde um paciente, mas ganha um amigo, porque a pessoa tem gratidão. Tendo esse conhecimento e tendo um espaço para atender, criar o projeto foi uma coisa natural”, contou o especialista.
Depois de três anos sofrendo com a dor e o constrangimento por causa das feridas abertas, a balconista Adriana Francisca dos Reis, 48, também é só alegria desde que entrou no projeto. “A gente passa a acreditar mais na vida e fica feliz de estar melhorando, porque eu ficava desesperada por não ver resultado (em tratamentos anteriores)”, comenta.
Com capacidade para apenas 30 atendimentos gratuitos simultâneos, o projeto tem hoje uma fila de espera com cerca de 500 pessoas. Segundo Bastianetto, a clínica tenta encontrar parceiros para ajudar financeiramente o projeto, já que espaço não é problema. “O que a gente precisa é de alguém que faça um patrocínio ou uma doação (de dinheiro) para que a gente use a infraestrutura que já temos para ampliar o atendimento e para que mais pessoas possam participar do programa”, pede.
Quem quiser informações sobre o projeto ou tiver interesse em ajudar, pode entrar em contato pelo telefone (31) 3789-4041.