Brumadinho

Retirada de lama deve levar ao menos três anos para ser feita

Quase um ano após tragédia, Vale removeu só 12% dos cerca de 10 milhões de m³ de rejeitos

Por Letícia Fontes
Publicado em 18 de dezembro de 2019 | 20:26
 
 
 
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Quase um ano após o rompimento da barragem de córrego do Feijão, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, milhões de metros cúbicos de rejeitos permanecem no solo e no rio Paraopeba. Até agora, foram removidos apenas 1,2 milhões de m³ de sedimentos, cerca de 12% dos total que devastou a área. Em coletiva na tarde desta quarta-feira (18), a Vale informou que a limpeza total do local só deve ser concluída em 2023.

Segundo o diretor Especial de Reparação e Desenvolvimento da Vale, Marcelo Klein, o reservatório que se rompeu tinha cerca de 12, 9 milhões de m³ de rejeitos, mas estima-se que aproximadamente 10 milhões de m³ tenham sido despejados após o rompimento. Ele explica que cerca de metade dos sedimentos se instalou entre a barragem e o rio Paraopeba. Após destruir o refeitório e área administrativa da mineradora, além de casas de córrego do Feijão, deixando pelo menos 270 mortos, a lama atingiu o rio Paraopeba, tornando-o impróprio para qualquer tipo de uso no trecho que vai até o município de Pompéu, na região Central.

De acordo com o diretor, a prioridade é a retirada dos rejeitos que estão próximos ao rio para, assim evitar uma maior contaminação. Em agosto deste ano, sete meses após a tragédia, a empresa iniciou o processo de limpeza do leito. “Essa remoção respeita o planejamento do avanço das busca dos bombeiros. Cuidamos de remover primeiro o material mais próximo do rio. O esforço foi colocar paredes de contenção para que, durante este período chuvoso, o rejeito não fosse carreado, e o dano ambiental continuasse no rio. Assim, limitamos o perímetro do dano ambiental”, explicou Klein. 

“A ênfase está nas buscas (às vítimas), foco total é encontrar os corpos, mas, superando essa fase, vamos intensificar e acelerar a remoção dos rejeito com segurança”, completou o diretor. Ele destacou ainda que, nos próximos seis meses, ficará pronto um estudo sobre a qualidade do rio Paraopeba, feito em conjunto com o governo de Minas. Será feita uma avaliação de risco à saúde humana, em relação ao consumo da água e de peixes da bacia. Por enquanto, não é recomendado beber água do rio nem consumir peixes.

Mariana

Em Bento Rodrigues, distrito de Mariana, na região Central, que também foi destruído pela lama há quatro anos, o rejeito de minério continua intacto no local. De acordo com a fundação Renova, responsável pela reparação dos danos, as ações de remoção se concentraram apenas em Barra Longa e na Usina Hidrelétrica Risoleta Neves, na Zona da Mata. A lama gerada pelo rompimento atravessou o rio Doce e chegou ao oceano Atlântico.

Renova. Segundo a Fundação Renova, responsável pela reparação de danos em Mariana, a decisão de concentrar as ações de retirada dos rejeitos apenas em alguns pontos tem como princípio o impacto ao meio ambiente e às comunidades.

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