Investigação

Roberto Waack, presidente da Renova, é ouvido em CPI da ALMG

Entidades criticam a constituição da fundação após o desastre de Mariana

Por Raquel Penaforte
Publicado em 08 de agosto de 2019 | 14:35
 
 
 
normal

O presidente da fundação Renova Roberto Waack foi ouvido na manhã desta quinta-feira (8), pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de Brumadinho, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A CPI foi criada por parlamentares para apurar as responsabilidades pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, na região Metropolitana, em janeiro deste ano.

Na condição de testemunha, Waack depôs à CPI sobre as atividades que a instituição realiza. A Renova é responsável pela mobilização para a reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em novembro de 2015, em Mariana, na região Central do Estado, provocando a morte de 19 pessoas.

Para o diretor do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) em Minas Gerais, Thiago Alves, a fundação não cumpre com os acordos firmados pelo Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC). “A Renova é um braço político e publicitário das mineradoras (Vale e Samarco). Definitivamente, ela não cumpre com os acordos que assume” disse. “A Renova precisa executar 42 programas, porém, nas regiões de atuação, temos apenas dois funcionando: o programa de cadastro e de o indenização mediado, que, na verdade, é mediado pela própria empresa”, acrescentou.

Ainda segundo o diretor, outra questão que chama a atenção é a demora para a execução das reparações, como as casas dos atingidos. “Já são quase quatro anos de discussão sobre as 225 casas de reassentamento em Bento Rodrigues, mas só agora ele anunciaram a pedra fundamental para a construção da primeira casa”, disse. 

O promotor de Justiça de Mariana, Guilherme de Sá Meneghin, chamou a fundação Renova de desastre. “De uma coisa eu tenho certeza: Não vale a pena instituir uma fundação como a Renova. Foi um desastre para a comunidade atingida”, acusou.

O relator da CPI, deputado André Quintão, disse que o depoimento desta quinta-feira foi importante para evitar no futuro. “Nós precisamos de diretrizes de reparação integral, mas através de um modelo efetivo, que traga resultados mais rápidos, que integre os municípios atingidos na resolução dos problemas”, disse.

Por meio de nota, a fundação disse que até o mês passado já foram destinados “cerca de R$ 6,26 bilhões em ações de reparação e compensação dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), e que a construção das residências e bens coletivos da população de Bento Rodrigues e o início das obras de infraestrutura de Paracatu de Baixo começaram e devem mobilizar cerca de 4.000 trabalhadores no pico das construções.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!