Copasa

Rodízio no abastecimento de água vai impactar 2 milhões de pessoas

Medida segue até dia 20, para mitigar falta de água e intermitência do fornecimento do serviço

Por Manuel Marçal, Vitor Fórneas e Suellen Emerick
Publicado em 09 de março de 2022 | 03:00
 
 
 
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Cerca de 2 milhões de pessoas em Belo Horizonte e mais sete cidades da região metropolitana serão impactadas pelo rodízio no fornecimento de água. A medida foi anunciada pela Copasa, já começou a ser implantada e segue até o próximo dia 20, dois dias após a data prevista para a conclusão de obra provisória na adutora na divisa de Betim com Juatuba, na região metropolitana, que se rompeu no dia 1º. 

Segundo a companhia, o rodízio é necessário para mitigar a falta de água e a intermitência do fornecimento em regiões mais altas e distantes dos reservatórios. “Optamos pelo rodízio para dar a garantia de que as pessoas saibam, com antecedência, que não terão água naquele dia e, depois, terão água pelos dias seguintes, até que a gente consiga restabelecer (o fornecimento)”, afirmou o diretor-presidente da Copasa, Carlos Eduardo Tavares de Castro. 

Cada uma das quatro regiões afetadas ficará sem água a cada três dias. A companhia afirmou que 500 mil pessoas serão impactadas por dia – menos de 10% da região metropolitana – e que escolas e unidades de saúde passarão pelo rodízio, mas terão atendimento especial.

O diretor-presidente da Copasa disse que, para diminuir os efeitos diretos do rodízio para os consumidores, vai duplicar, nos próximos dias, o número de caminhões-pipa para a região metropolitana – 50 atualmente. 

Rompimento

A obra na adutora é um paliativo e consiste em implantar tubulação de diâmetro menor que o original. Em até seis meses, ficará pronta a intervenção definitiva, que vai restabelecer o fornecimento e a vazão de água aos moldes do período pré-rompimento da adutora, que integra o Sistema Serra Azul, da bacia do rio Paraopeba. 

De acordo com a Copasa, um fogo na mata, às margens do rio, afetou a treliça de aço que sustentava a adutora. A estrutura não aguentou e cedeu, o que fez a tubulação romper. A companhia ainda investiga o que teria causado o incêndio. 

Consumidores

Moradora do bairro Santa Cruz, em Betim, a dona de casa Maria da Glória Neves Cunha, 75, está insatisfeita com a novidade. “A gente vai ficar sem tomar banho com um calorão desses? Criança também? Sem tomar água? A gente vai ficar com sede? Não tem água para beber. Um dia sem água já é difícil, imagine três? Não tem jeito”, reclamou a idosa.

Gerente de uma padaria no bairro Minas Caixa, na região de Venda Nova, na capital mineira, Marcilene Ribeiro, 42, ficou surpresa com a notícia do rodízio: “Tenho uma caixa de água grande, e vamos nos virar. Acabamos usando bastante água. Vamos ter que dar uma economizada”. 

Companhia pode sofrer sanções

A Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (Arsae-MG) informou que soube do rodízio de abastecimento pela imprensa e que deveria ter sido avisada pela Copasa. 

Em nota, a agência informou que avalia as “ações necessárias para o restabelecimento do abastecimento”, monitora a programação do rodízio e avalia eventuais sanções à Copasa, em consonância com as resoluções da entidade”. 

Questionada pela reportagem sobre a crítica da Arsae-MG, a Copasa não tinha respondido até a publicação desta matéria.

Decisão da companhia  é criticada 

O rodízio em nada agradou às administrações das cidades afetadas. O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), não poupou críticas: “Tudo que eu tinha que falar da Copasa eu já falei. A Copasa é uma vergonha”.

O secretário de Governo de Betim, Guilherme Carvalho, destacou que a sociedade está sendo prejudicada com a decisão. “Água é essencial, e esse desabastecimento está causando muitos transtornos já, afetando produtores rurais, comerciantes e a população em geral”, afirmou. 

Prefeito de Santa Luzia, Christiano Xavier (PSD) disse que nem sequer foi notificado da decisão, um “atestado do péssimo serviço prestado pela Copasa”.

O Executivo de Contagem informou, em nota, que “vai monitorar a situação e manter contato com a Copasa para minimizar os impactos do rodízio para a população”. 

Dias e locais sem água 
8, 12 E 16 DE MARÇO
Contagem: Centro, Santa Helena e Instancia do Hibisco;
Betim: Imbiruçu, São Luiz (Petrópolis / Simonésia) e Petrolândia;
BH: Venda Nova e Landi (VSP Sta Vitória);
Ribeirão das Neves: Justinópolis;
Santa Luzia: São Benedito, Santa Clara e São Cosme.

9, 13 E 17 DE MARÇO
Contagem: Cabral e Nacional;
Lagoa Santa,
Vespasiano;
São José da Lapa.

10, 14 E 18 DE MARÇO
Belo Horizonte: Barreiro, Betânia e Buritis;
Contagem: Riacho das Pedras, Eldorado, Cidade Industrial e Industrial;

11, 15 E 19 DE MARÇO
Betim: Centro, Angola, Ouro Negro e Montreal, Petrópolis e PTB;
Contagem: Água Branca e Ressaca;
Belo Horizonte: Alípio de Melo, Caiçara e Ouro Preto.

 

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