Levantamento do Grupo de Estudos em Planejamento Territorial e Ambiental (Geplan), do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas, mostra que o novo coronavírus está chegando a Minas Gerais por meio das rodovias que ligam o território mineiro aos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
Divulgada nessa sexta-feira (17), a pesquisa é coordenada pelo professor Sérgio Henrique Teixeira e pela aluna de licenciatura em Geografia do Campus Poços de Caldas, Jaqueline Custódio. Eles elaboraram um mapa tomando como base os boletins epidemiológicos divulgados pelas secretarias de Estado de Minas, São Paulo e Rio e a malha viária registrada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A análise dos casos confirmados de Covid-19 mostra que a expansão nas regiões Sul e Sudoeste de Minas se dá seguindo as linhas de conexão dos principais eixos rodoviários, provenientes das cidades com o maior número de confirmações da doença.
O eixo de entrada pela Fernão Dias (BR-381), que liga a capital paulista a Belo Horizonte, é o maior fluxo de dispersão no Sul de Minas, atingindo os municípios de Extrema, Toledo e Cambuí, que fazem fronteira com São Paulo, chegando a Pouso Alegre, cidade que apresenta mais casos na região, com 16 confirmações e duas mortes, segundo boletim divulgado neste sábado (18). São Paulo é o epicentro da doença no país, com 12.841 casos e 928 morte até a última sexta.
Outro eixo de contaminação proveniente do interior paulista é a BR-153, que liga o estado de São Paulo ao Triângulo Mineiro. Com 83 casos confirmados e seis mortes, Uberlândia e Uberaba, as maiores cidades da região, são rotas de Ribeirão Preto e São José do Rio Preto. Juntas, as duas cidades paulista têm 140 confirmações e nove mortes.
A BR-040 faz a ligação de Minas com o Rio de Janeiro. O estado fluminense tem 4.349 casos confirmados e 341 mortes. Localizada à 185 km da capital do Rio, Juiz de Fora é a cidade com mais casos na Zona da Mata mineira. São 91 confirmações e dois óbitos. A rodovia também oferece ligação para Varginha, no Sul de Minas, com dez confirmações e uma morte.
Análise da pesquisa
O professor Sérgio Teixeira explica que é importante levar em consideração a possibilidade de subnotificação de dados, principalmente em cidades pequenas e médias do interior. “Nessas cidades, há falta de equipamentos médicos de alta complexidade que realizem os testes, assim como são cidades que têm, em geral, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita menor que as cidades centrais, o que leva, em muitos casos, pessoas contaminadas a não procurarem o sistema de saúde quando necessário, podendo até padecer antes de averiguada a positividade ou não do teste para Covid-19”, destacou o professor, em entrevista ao site do IF Sul de Minas.
Para ele, é preciso fazer um controle epidemiológico maior nas cidades que fazem divisa com São Paulo (capital e interior) e cidade do Rio de Janeiro. "Uma iniciativa seria operacionalizar postos de medição de temperatura corporal nessas cidades e, se necessário, com posteriores encaminhamentos com níveis de prioridades para testes rápidos nesses eixos. Importante destacar que a essa análise preliminar, feita a partir da interpretação de dados municipais de contaminação por Covid-19 integrados àqueles da malha rodoviária do Sudeste, deve-se completar com a inserção das informações referentes aos eixos aeroviários, no intuito de melhor lapidar o conhecimento sobre as influências circulatórias da Covid-19 entre as cidades”, destacou.
Atualizada às 11h40.