O rompimento do talude da barragem da Vale em Barão de Cocais é "inevitável" e, quando acontecer, o risco de toda a barragem colapsar é de 15%. A informação foi passada nesta segunda-feira (20) pelo secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas (Semad), Germano Vieira.
É a primeira vez que esse percentual é divulgado. Segundo ele, a estimativa foi feita por uma auditoria independente. Até então, a Vale estava informando que "não há elementos técnicos para afirmar que o deslizamento do talude provocará a ruptura da barragem".
"É inevitável o rompimento do talude. A possibilidade de causar o rompimento da barragem é de 10% a 15%, segundo um consultor de uma auditoria independente. Por isso foi importante o simulado e seguir os protocolos", afirmou o secretário de Estado.
"Nós questionamos os analistas e, segundo eles, qualquer intervenção hoje diretamente na barragem seria desaconselhável. Essa movimentação em uma barragem que já está em alerta de segurança com nível 3 poderia também ser um gatilho para o seu colapso", afirmou o secretário.
Ele disse ainda que, nesse domingo (19), ocorreu em Barão de Cocais uma reunião envolvendo Ministério Público, Semad, Defesa Civil e outros órgãos onde foram informados a ação de monitoramento na área.
Ainda de acordo com o secretário, não é possível precisar o dia do rompimento do talude, que pode ser até o dia 26 de maio, podendo ser um dia a mais ou um dia a menos.
"Ocorrendo esse deslizamento não é possível precisar se será todo de uma vez ou se será em parte, em vista disso é necessário fazer o monitoramento por 24 horas. Existem dois impactos negativos desse desmoronamento: um deles pode ser a vibração na barragem - Sul Superior - que está mais ou menos a 1 km, 1,5km da cava da mina. Essas vibrações podem ser o gatilho para um procedimento de liquefação, o que poderia levar ao colapso da estrutura. E existe um outro evento negativo seria a água que está na cava ser expelida”, explicou Vieira.
Ainda conforme ele, se a água expelir para fora da cava, ela se direciona ao leste e não à barragem, que está ao sul. "Isso é um cenário de alívio, mas, mesmo assim, poderia atingir depois os leitos dos rios e é necessária a continuidade de todas as ações de precaução", afirmou Vieira.
O secretário participa de um workshop, na manhã desta segunda-feira, de lançamento de um plano de segurança para comunidades que vivem próximas a barragens. Cerca de 60 representantes de municípios mineiros participam das palestras, além de agentes da Defesa Civil, policiais militares e bombeiros.
Licenças
Ainda durante a coletiva, o secretário afirmou que não acredita que a quantidade de licenças para as empresas atuarem tenha ligação com os problemas enfrentados atualmente. "Uma questão não tem relação direta com a outra. Toda a atividade humana em maior ou menor medida, ela tem um risco", disse.
Bombeiros em atuação
Atualmente, 12 militares do Corpo de Bombeiros atuam em Barão de Cocais, de acordo com o coronel Edgar Estevo, comandante geral da corporação.
"Nós estamos aqui neste workshop para discutir toda a situação de barragem no Estado. O Corpo de Bombeiros traz toda a experiência que tem nesses casos. Nossas equipes continuam em Brumadinho. Podemos sugerir mudanças nos estudos que são feitos, nosso trabalho é contribuir. O que pode ser modificado é a questão dos alertas, dos alarmes, os detalhes do movimento do rejeito. Vamos discutir diversos detalhes. Entendemos que n]ao há risco para vidas se as pessoas obedecerem e não entrarem em áreas proibidas", afirmou o militar.
Texto atualizado às 14h29