INVESTIGAÇÃO

Sobe para 54 número de mortes de cães por suposta contaminação de petiscos

Somente em Minas são 15 mortes, sendo 12 em BH e três no interior; substância responsável pela contaminação seria o monoetilenoglicol

Por O Tempo
Publicado em 11 de setembro de 2022 | 21:34
 
 
 
normal

O número de mortes de cães supostamente ligadas à contaminação de petiscos por monoetilenoglicol subiu para 54 no Brasil. Na última sexta-feira (9), eram 40 falecimentos. O crescimento do número foi confirmado pela delegada da Polícia Civil de Minas Gerais, Danúbia Quadros, à reportagem de O TEMPO. Ela é responsável pelas investigações no Estado.

A forma como os pets foram contaminados ainda é um mistério. A empresa que vendeu os petiscos supostamente envenenados, a Bassar, comprou a matéria-prima de uma distribuidora de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. No entanto, essa empresa (a Tecnoclean Industrial) já informou à reportagem que adquiriu o produto da A&D, companhia de São Paulo. A empresa paulista informou, na noite deste domingo (11), ao Fantástico, da rede Globo, que tem atuação "exclusivamente à fabricação de itens para higiene e limpeza, inclusive o produto denominado propilenoglicol". 

Segundo a delegada, lotada na Delegacia Especializada em Defesa do Consumidor, o aumento no número de vítimas leva em consideração  as informações apuradas pela corporação até a última sexta-feira (09). Os dados foram coletados em 11 Estados e no Distrito Federal. Em Minas Gerais, segundo nota enviada pela assessoria de comunicação da Polícia Civil neste domingo, são 28 casos de mortes e internações registradas.

Do total, são 15 óbitos, sendo 12 mortes em Belo Horizonte, um em Piumhi, no Centro-Oeste e mais dois em Uberlândia, no Triangulo Mineiro. Na última sexta-feira, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informou que análises preliminares identificaram o monoetilenoglicol como contaminante do propilenoglicol em novos lotes de produtos fabricados pela Bassar Pet Food.

O propilenoglicol é um produto de uso permitido na alimentação animal se for adquirido de empresas registradas pelo Mapa. Já o monoetilenoglicol é um composto químico altamente tóxico que pode levar à morte dos pets quando ingerido. 

A substância é semelhante à que contaminou a cerveja Backer e deixou 10 mortos e pelo menos 16 vítimas com lesões graves. Conforme o Mapa, o problema teria sido causado pela contaminação do aditivo propilenoglicol, substância usada para produção de alimentos para animais e humanos, com o monoetilenoglicol.

Outro lado

A reportagem de O TEMPO tentou contato com a A&D, na noite deste domingo, para tentar confirmar os fatos. No entanto, os telefonemas não foram atendidos e o site da empresa foi retirado do ar nos últimos dias. A advogada Silvia Valamiel, que representa famílias de cães que morreram contaminados, informou que não recebeu nenhuma notificação do Mapa e da Polícia Civil sobre o posicionamento da empresa. Ela afirmou, ainda, que nesta segunda-feira (12) irá à delegacia para verificar o andamento do inquérito. 

O que causou a morte dos animais?

Exames de necropsia realizado pela Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apontaram existência de etilenoglicol no organismo de cães mortos. Perícia da Polícia Civil feita em petiscos também atestou a presença da substância no alimento. 

O composto é da mesma família do dietilenoglicol, substância apontada como a causa da morte de dez consumidores da cerveja Backer em Minas Gerais em 2019 e 2020. Ambas provocam danos severos aos rins.

Por que os petiscos estavam contaminados?

Esta é uma das principais perguntas que as investigações tentam responder. Conforme o Ministério da Agricultura, o problema teria sido causado pela contaminação do aditivo propilenoglicol, substância usada para produção de alimentos para animais e humanos, com o monoetilenoglicol. 

A princípio, a investigação identificou a contaminação em dois lotes de propilenoglicol — AD5053C22 e AD4055C21, ambos vendidos por uma fornecedora de matéria-prima, a Tecnoclean Industrial, com sede em Contagem, na região metopolitana de Belo Horizonte. A empresa alega atuar apenas como revendedora da substância. No entanto, na sexta-feira (9), o Mapa informou que há mais lotes contaminados. 

 

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!