Um homem que se identifica como tio das duas crianças, de 6 e 9 anos, encontradas em cárcere privado em um apartamento do bairro Lagoinha, na região Noroeste de Belo Horizonte, disse que vai pedir a guarda dos irmãos à Justiça. A mãe deles está presa, suspeita de maus-tratos contra outro filho, de 4 anos. O caso ocorreu  em São Joaquim de Bicas, na região Metropolitana. A criança morreu na ocasião.

Entenda o que se sabe do caso

"Eu tomei ciência da situação pela mídia. Vim de Goiás assim que soube e, se Deus quiser, vou conseguir a guarda deles", relatou por telefone. O homem está acompanhando os sobrinhos no Hospital Municipal Odilon Behrens, onde as crianças estão sendo assistidas pela equipe médica após serem resgatados com sintomas de desnutrição e febre por uma vizinha.

"Minha irmã veio para Belo Horizonte por causa de um rapaz, não tinha muito contato, só quando ela ainda morava com a gente. Não sabia de nada", conta.
 
O homem disse que a família não sabia da morte da outra criança, Ele afirma ainda que a mulher que se identifica como avó dos pequenos não tem relação de parentesco com a família. "Ela não é avó deles. Não tem relação nenhuma. Eu sou o tio, trabalho como marcineiro em Goiás e vou fazer de tudo para cuidar deles agora", afirma.

O pai biológico das crianças, segundo a apuração do caso, teria morrido de Covid-19, em 2020. Em depoimento à polícia, uma das vítimas resgatadas no apartamento informou que elas haviam vindo de São Joaquim de Bicas, na semana anterior ao resgate, e que a avó teria passado a noite de sábado (18) com elas, mas não retornou. 

Outras duas meninas, de 1 e 2 anos, filhas da mulher, estão sob tutela do Estado. A Polícia Civil investiga o caso. O Ministério Público de Minas Gerais informou, por meio de nota, que o caso é investigado e que as informações estão sob sigilo.

Crianças são localizadas em local degradante

Conforme a denunciante, no local em que as crianças estavam havia uma vasilha de comida com bicho. Em entrevista para a reportagem de O Tempo, ela descreveu o cenário. "Encontramos muita sujeira, o cheiro era tão forte quando os policiais abriram a porta que nem eles aguentaram. A gente se emocionou muito quando vimos os dois, com os bracinhos fininhos, um deles sem conseguir nem falar. Aí começamos a chorar. Aqui tudo sujo, tudo podre, vasilha com bichos, colchão no chão", relatou.

Menino sentiu cheiro de churrasco e pediu comida

Uma das crianças resgatadas pediu um pouco de comida para a vizinha depois que sentiu o cheiro do churrasco que era feito por ela.  "Meu sobrinho estava andando de bicicleta aqui e, pelo buraquinho, ele viu e pediu um pouco de comida. Meu sobrinho, que tem mais ou menos a idade dele, veio até mim e contou. Fui até a porta e vi os dois, um deles disse que estava com fome e pediu churrasco para ele e o irmão. Pedi para ele abrir a porta, e ele falou que podia ser por ali mesmo. Falei que a vasilha não cabia no buraco e foi ele que sugeriu que eu colocasse em uma sacolinha e disse 'eu estou com muita fome, me dá churrasco'",  detalhou a vendedora Poliana dos Santos, de 37 anos, responsável por fazer a denúncia para a polícia.

A criança disse para a vendedora que elas estavam acompanhadas da avó. No entanto, o menino voltou a pedir comida durante a noite daquele dia, o que intrigou a vizinha e indicou de que elas estariam sozinhas.