O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Marcelo Souza e Silva, considerou a reunião que a entidade teve com a prefeitura (PBH) nesta quinta-feira (23), para tratar da reabertura de bares e restaurantes na cidade, como improdutiva. Por outro lado, o Executivo municipal se comprometeu a dar um parecer até a próxima quarta-feira (29).
"A gente não teve nenhuma sinalização, não demos nenhum passo para previsão de reabertura. A prefeitura não quer colocar nenhuma data, e foi uma sugestão que levamos para ela (3 de agosto), algumas atividades voltando, com comércio com horários diferentes, bares e restaurantes, academias, mas a gente viu que essa discussão não anda", afirmou Marcelo em entrevista ao programa Super N - 2ª Edição, da rádio Super.
"A reunião foi longa, mas ela foi totalmente improdutiva. Eles não vão definir nada enquanto não tivermos índices (da pandemia) em patamares razoáveis. Nós estamos falando o tempo todo é que, se tivéssemos com os leitos de UTI e de enfermaria em números prometidos pelo prefeito Alexandre Kalil e que não foram cumpridos, a gente estaria com esses índices em patamares menores, e comércios e serviços da cidade poderiam estar funcionando", completa.
Ainda de acordo com o presidente da CDL-BH, algo que lhe chamou a atenção foi a ausência de Kalil na reunião, que durou mais de duas horas e aconteceu por videoconferência. "O que me chateou muito é que o prefeito não estava nessa reunião. Qual reunião mais importante que ele estaria neste momento? A da reabertura do comércio e das atividades econômicas não seria a mais importante?", ponderou.
Em nota assinada por Silva enviada à imprensa, a CDL-BH criticou a gestão de Kalil durante a pandemia da Covid-19. Leia na íntegra:
"Acabou de terminar uma reunião onde a prefeitura convidou a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) e a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) para discutir a nossa proposta de reabertura do comércio de Belo Horizonte que está há mais de 120 dias de portas fechadas.
Diga-se de passagem, é a maior quarentena do mundo.
E infelizmente não temos nenhuma boa notícia para dar.
A prefeitura mais uma vez não deu nenhum passo, nenhum pingo de esperança para a previsão de reabertura.
Em primeiro lugar, lamentamos a ausência do prefeito. A gente fica até se perguntando: qual é o assunto tão importante que impossibilite a presença do prefeito nessa reunião?
A resposta é uma só: a incapacidade de dialogar, a insensibilidade com a saúde das pessoas, com as empresas que estão morrendo, com os milhares de trabalhadores que já perderam seus empregos e com as milhares de famílias que estão sem sustento.
A prefeitura não deu nenhum passo à frente.
Não nos deu nenhuma esperança de reabertura.
Não apresentou um cronograma de reabertura dos leitos que ela mesmo prometeu abrir em maio. Portanto, há mais de dois meses.
Não apresentou solução para resolver o problema dos ônibus lotados, sendo que isso é um grande fator de transmissão.
A prefeitura não tem solução para nada.
Portanto, lamentavelmente tivemos uma reunião completamente improdutiva.
A prefeitura está completamente perdida, completamente sem rumo.
Não temos comando na cidade."
Já o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, considerou a reunião como produtiva e um importante avanço para a flexibilização. "Tivemos uma reunião muito proveitosa com a prefeitura, em que o plano apresentado foi esmiuçado com muito interesse. Fizemos comparações com o plano que a PBH tinha, e há um compromisso da prefeitura de revisar o seu plano, e até quarta-feira apresentar uma nova versão em consideração às nossas sugestões", explicou.
"Outro ponto muito importante para o setor de bares e restaurantes é que ficou combinado que a gente vai buscar construir rapidamente um novo protocolo de reabertura, porque o primeiro que apresentamos não era viável, assim como o da Justiça. Agora, a gente vai sentar para construir um novo protocolo", concluiu.
Entenda
A CDL-BH e a Abrasel apresentaram nessa quarta-feira (22) uma proposta para que a abertura de todo o comércio da capital aconteça a partir de 3 de agosto. A proposta inclui abertura de praticamente todos os setores comerciais, bem como bares, restaurantes e shoppings centers na data, todos fechados devido à pandemia de coronavírus.
O comércio em geral seria aberto entre 10h e 16h de segunda a sexta-feira e de 9h às 13h aos sábados. Para bares e restaurantes, o protocolo prevê abertura entre 11h e 20h, sem especificação de dias da semana. De terça-feira a sábado, de 12h às 19h, seria o momento para shoppings centers funcionarem.
Outro lado
Em um posicionamento divulgado após a reunião, a PBH informou que debateu a proposta apresentada e anunciou aos participantes que ela não se trata de um plano novo, somente uma flexibilização do plano já apresentado a eles pelo próprio Executivo em maio. As divergências estariam nos limites de leitos como sinalização verde.
Ainda de acordo com a prefeitura, a proposta da Abrasel e da CDL-BH coloca que 80% de ocupação de leitos permitiria uma abertura, o que para a prefeitura não é um índice seguro para a população.
"Belo Horizonte teve 15 mortos por 100 mil habitantes, os exemplos de flexibilização trazidos pelas entidades são do Rio de Janeiro que tem 115 mortos por 100 mil habitantes e de São Paulo, que tem 72 mortos por 100 mil habitantes", informou.
Uma nova reunião foi agendada para semana que vem, quando, até a próxima quarta-feira (29), a PBH deve apresentara uma avaliação da proposta do nível de leitos para liberação da abertura e das fases indicadas pelas entidades.